Carla Pires
22 anos, estudante de Engenharia Química, Azambuja
“Já trabalhei com rapazes e fazer o mesmo tipo de serviço e eles ganhavam mais do que eu. Ainda há pessoas que acham que as mulheres por serem mulheres são incompetentes”
O que é que afasta os jovens da matemática?As pessoas meteram na cabeça que a matemática é difícil. Nós é que temos que mudar esta mentalidade. Eu, por exemplo, estive dois anos no 12º por causa da matemática. Mas decidi que não ia abdicar dos meus sonhos por causa disso. Hoje corre tudo lindamente. Estou empenhada no curso que escolhi e tenho mesmo que aprender para não fazer explodir nenhum laboratório.Já alguma vez fez voluntariado?Faço voluntariado na Câmara de Azambuja como guia no museu e espero em breve conseguir fazer voluntariado no Hospital. Estive internada quando fui operada à perna e foi horrível estar lá fechada. Gostava de ter tempo para este tipo de voluntariado enquanto ainda estou a estudar.A experiência de trabalhar e estudar é enriquecedora?Sem dúvida. Eu habitualmente estudo e trabalho. Tenho tempo ao fim de semana, apesar de frequentar um curso absorvente, e consigo conciliar facilmente as coisas. É também uma forma de ganhar um pouco de autonomia financeira. Qual seria o emprego de sonho para si?Poderiam ser vários. Como engenheira química gostava de fundar uma fábrica do sector agro-alimentar. O meu sonho era trabalhar no laboratório da fábrica e fazer pesquisas ao nível da higiene e controlo alimentar de tudo o que sai para o mercado. Sou muito selectiva nesta matéria… Paralelamente gostava de tirar arquitectura de interiores. Adoro decoração, adoro coisas antigas. Gostava de abrir uma loja antiga. Mas esse projecto pode ficar para depois da reforma… (risos)Seria capaz de ir trabalhar para outro país?Já pensei que quando chegar cá o TGV vai ser mais fácil ir trabalhar para outros países. Nomeadamente Espanha que é o país que esta aqui mais à mão. Pode-se ir e vir todos os dias (risos). Acredita na igualdade entre homens e mulheres?Já trabalhei com rapazes e fazer o mesmo tipo de serviço e eles ganhavam mais do que eu. Ainda há pessoas que acham que as mulheres por serem mulheres são incompetentes. O aborto deveria ser despenalizado?Quando uma mulher toma essa decisão tem que estar consciente das consequências. Não pode funcionar para resolver um descuido. Convém que existam boas clínicas porque algumas mulheres correrão o risco de não poder voltar a ter filhos. As mulheres é que devem escolher, independentemente do que pensa a Igreja ou o Governo. Mas também peço às mulheres responsabilidade.Se fosse autarca qual a primeira medida que tomava?Primeiro dar mais atenção aos munícipes. Gostava de andar na rua, ouvir as pessoas, não responder mal. Se eu fosse presidente de câmara gostava que me alertassem para as situações. Não conseguiria ter a noção de tudo à minha volta. Gostaria sobretudo que o povo não tivesse medo de falar.Quando tem uma dor vai logo a correr ao médico?Tenho a mania das mezinhas e dos cházinhos. Mel e limão para dores de garganta. Chá de tília para os nervos. Se me dói a cabeça tenho o hábito de elevar as pernas para o sangue circular mais facilmente. Se a dor existe é porque aconteceu um bloqueio qualquer. Qual é o seu livro de cabeceira?Estou a terminar “Anjos e Demónios” de Dan Brown. Gosto muito deste tipo de literatura e já li vários livros dele. É uma escrita excelente que dá a sensação de entrarmos directamente num filme.
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