PSD e PS responsabilizam-se pelos problemas da autarquia
Um ano depois da eleição de Moita Flores para presidente da Câmara de Santarém
Os eleitos do PS e PSD na Câmara de Santarém responsabilizam-se mutuamente pelos problemas da autarquia, que se debate, um ano depois das últimas eleições autárquicas, com um passivo elevado e impasse em decisões estratégicas.Num balanço do primeiro ano de mandato, o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, apontou a "dívida escondida" pelo executivo socialista anterior como o principal problema de gestão dos sociais-democratas, que possuem quatro vereadores, os mesmos que o PS.A dívida total de 80 milhões de euros atingiu um "valor que estava para além da nossa expectativa", salientou o autarca, que protagonizou uma das grandes surpresas das últimas autárquicas, ao ganhar para o PSD um concelho que foi sempre socialista desde o 25 de Abril."Tem sido uma experiência exaltante, de grandes desafios com dificuldades algumas delas inesperadas" como a dívida ou as "falências no quadro do planeamento e da estruturação sustentável do concelho".Além disso, Moita Flores verificou depois de tomar posse a "ausência de uma auto-estima" entre os cidadãos que está a ser contrariada com uma "aposta na capitalidade de Santarém" no contexto distrital e regional, que permita cativar investimentos.Por isso, "vamos arrancar com grandes investimentos em breve, através de iniciativas de parceria público-privadas" e, "durante estes três anos de mandato, Santarém vai mudar por completo", prometeu.Para Rui Barreiro, ex-presidente da Câmara de Santarém e actual vereador do PS, Moita Flores "não está a cumprir as suas promessas eleitorais" que o levaram à vitória nas autárquicas."Houve uma mentira ao eleitorado", acusou Rui Barreiro, recordando que o actual presidente "prometeu pagar a dívida em cem dias" o que ainda não foi feito por "clara incapacidade" da maioria.Outras promessas como a criação de empresas municipais, a aquisição de imóveis para requalificação ou a redução da despesa corrente "continuam ainda por cumprir", salientou Rui Barreiro, que prefere anotar os "cortes nos investimentos, alguns deles com investimentos comunitários" como uma das marcas deste ano de gestão.O “festeiro municipal”Em contrapartida, "foram multiplicados os concertos e as festas" e Moita Flores "tornou-se num festeiro municipal", em vez de ser dada prioridade a matérias como o "transporte escolar", a "climatização das escolas" ou a requalificação de algumas zonas degradadas, acrescentou.Moita Flores é um "mestre na propaganda e na capacidade de usar a comunicação social para fazer campanha", considerou o vereador socialista, que acusa ainda o edil e o PSD de serem os "coveiros do projecto" Águas do Ribatejo, empresa que iria gerir o saneamento e o abastecimento de água na zona da Lezíria do Tejo, ao provocarem "adiamentos sucessivos" que colocam em causa a sua viabilidade económica."Santarém precisa de um presidente de câmara a tempo inteiro e não de um festeiro ou um ficcionista em part-time", acusou Rui Barreiro, que no entanto aponta algumas evoluções na sensibilização do poder central sobre a poluição do rio Alviela, para o qual contribuiu o festival de música recentemente realizado.Confrontado pela agência Lusa com estas críticas, Moita Flores sustentou que o "engenheiro Rui Barreiro é conhecido pela sua irresponsabilidade como presidente e por isso perdeu as eleições".A animação cultural do concelho visa "recuperar a auto-estima" dos cidadãos e "criar condições de atractividade de investimento" que se conseguem através de uma maior visibilidade.Já Luísa Mesquita, única vereadora da CDU e fiel da balança do equilíbrio entre os dois principais partidos, considera que a mudança partidária ainda não se reflecte na gestão camarária: "a única diferença é que os assessores do PS foram substituídos pelos do PSD".Neste mandato, a CDU tem-se manifestado contra as "propostas de alguma privatização dos serviços camarários, na área da cultura ou do urbanismo", mas Luísa Mesquita acusa Moita Flores de promover "novelas" em torno de casos pontuais que geram "manchetes e artigos de jornais", sem benefício para os munícipes.No entanto, Luísa Mesquita aponta como uma melhoria o "contacto da câmara com as juntas de freguesia", verificando-se um "relacionamento político mais estável e menos conflituoso" que na gestão socialista.Lusa
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