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Falsos pagamentos

O caso da falsa juíza que burlou empresários e até entidades públicas dá que pensar.Ao que parece, a senhora telefonava para empregados de organizações de dimensão relativamente grande. Intitulava-se magistrada e dizia haver uma dívida por satisfazer, encontrando-se já pendente um processo judicial. Caso o montante não fosse pago até determinada hora daquele mesmo dia, proceder-se-ia imediatamente à penhora de bens.Fornecia o número de uma conta bancária. Em muitas ocasiões, era bem sucedida e os quantitativos eram lá depositados.O fundamental deste temerário golpe era apostar em dois aspectos essenciais.Por um lado, só contactava instituições com um número elevado de pessoal. Quem atende o telefone ignora se a dívida existe ou não. Obviamente, tem conhecimento que há muitos pagamentos a fazer diariamente. Até saberá que existem, com certeza, alguns processos em tribunal. Mas determinar se aquele montante é devido ou não é difícil, assim de um momento para o outro.Evidentemente, se esta arguida telefonasse para um pequeno estabelecimento comercial, logo o dono conseguiria detectar que se tratava de uma falsa exigência.O segundo ponto fundamental era apostar no timing. Ela impunha um prazo mínimo.O indivíduo que com ela conversava ao telefone tinha de tomar uma decisão em instantes. Supondo que a dívida era real e ele se recusaria a fazer o pagamento. Mais tarde, ficaria com o odioso de ter sido contactado para que se evitasse a penhora e nada ter feito. Provavelmente, muitos terão pensado que o risco não era grande. Caso houvesse algum lapso e o pagamento não fosse devido, seria com certeza, possível reaver a quantia.Burlas com base nestes pressupostos são relativamente frequentes.Há uns anos atrás, nos Estados Unidos da América, um indivíduo entretinha-se a enviar cartas a grandes empresas. Encaminhava-as à Direcção Financeira. Seguia uma factura pró-forma, solicitando o respectivo pagamento.Os resultados foram surpreendentes.Em muitas das organizações, as cartas eram pura e simplesmente rasgadas, após se confirmar que a dívida era inexistente.Noutras empresas, emitia-se efectivamente o cheque que era enviado a este indivíduo.Apenas uma pequeníssima minoria apresentou queixa contra o farsante.Em Braga, um homem decidiu elaborar um esquema ligeiramente mais sofisticado.Burlou imensos comerciantes em todo o país, incluindo muitos de Santarém e de todo o Ribatejo.Em primeiro lugar muniu-se de todas as listas telefónicas de páginas amarelas respeitantes a todo o território nacional.Depois, registou uma empresa com o nome “Listas Amarelas”.O passo seguinte foi começar a remeter uma série de vales para cobrança de valores, através dos correios.Os destinatários eram, sempre, comerciantes constantes das páginas amarelas.O comerciante recebia, no seu estabelecimento, um vale solicitando que se deslocasse à estação dos correios, a fim de proceder ao pagamento da quantia nele indicada, a favor da tal empresa “Listas Amarelas”.Tudo aquilo estava envolvido numa encenação que conferia alguma credibilidade à operação: o vale vinha através do carteiro, entregava-se o dinheiro nos correios e não deixava de ser importante o nome da empresa.Este burlão amealhou milhões vindos de Norte a Sul do Continente e até das Ilhas.* Juiz(hjfraguas@hotmail.com)

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