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Ligado às raízes

Foi na infância passada nas Fontainhas, arredores de Santarém, que Albino Maria, 50 anos, ganhou a apetência pela prática desportiva. Os jogos de futebol no meio da rua de terra batida, as surtidas pela ribeira das Fontainhas, onde apanhava cágados, os mergulhos na vala junto a Ponte do Celeiro, onde aprendeu a nadar, são imagens de uma infância feliz.“As minhas origens em termos de prática desportiva têm muito a ver com isso”. Depois veio o atletismo, o basquetebol. Modalidades que passou a praticar com algum sucesso já depois de ter entrado para a Escola Industrial, em Santarém. Os sete quilómetros entre a sua casa e a Praça Visconde Serra do Pilar, junto à igreja de Marvila, passaram a ser um treino diário a partir dos nove anos. “Saíamos a pé às sete da manhã. No Inverno ainda era de noite. Não havia iluminação pública nem as urbanizações que há agora, como a de São Domingos. Era uma aventura”, recorda. O pai de Albino Maria tinha uma taberna nas Fontainhas, onde se faziam patuscadas com os barbos que apanhavam à mão. Possuía uma das três televisões que existiam no lugar quando foi o Mundial de Futebol de Inglaterra, em 1966. O jogo “épico” com a Coreia (que a nossa selecção venceu por 5-3 após ter estado a perder por 3-0) ainda hoje é recordado com saudade. E a seguir a malta foi toda jogar futebol para a rua, imitando ídolos como Eusébio e Coluna.Os estudos em Santarém permitiram-lhe participar em campeonatos de atletismo organizados pela Mocidade Portuguesa. Pertenceu a uma equipa da Casa do Povo de Santarém que foi campeã nacional por equipas. Carlos Pereira, Zé Russo, Nuno Domingos e Fausto Ribeiro são nomes que recorda como companheiros de aventura. Jogou também basquetebol na Académica de Santarém.Poucos meses depois do 25 de Abril de 1974 “aterra” em Lisboa para frequentar o curso de Educação Física no Instituto Superior de Educação Física (ISEF), hoje Faculdade de Motricidade Humana. Ficou a residir no complexo da Cruz Quebrada com jovens de todo o país. Quando chegou a altura de ir à inspecção militar a Leiria rejeita o aliciamento das tropas especiais. “Não era aquilo que queria para a minha vida”. Opta pela tropa “arre-macho”, como era designada a Cavalaria. Acaba por passar à reserva territorial. Alguns colegas de inspecção que escolheram as tropas especiais (comandos, pára-quedistas ou fuzileiros) ainda acabaram por cumprir serviço militar nas ex-colónias africanas, no conturbado período da descolonização.Passado pouco tempo tem o primeiro desafio quando é convidado para trabalhar na delegação de Santarém da Direcção Geral de Desportos na implementação de planos distritais para a prática do basquetebol e do badmington. Estava-se em 1976/1977. Depois foi colocado como professor estagiário em Rio Maior. Era para ficar dois anos, ficou seis. Mais tarde regressou à cidade, pela mão do presidente da câmara Silvino Sequeira, presidente do conselho directivo na altura em que lá deu aulas. Pelo meio, efectivou como professor na Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém.A vida deu-lhe muitas oportunidades e responsabilidades, mas o responsável pelo complexo desportivo de Rio Maior nunca perdeu a ligação às raízes. Continua a viver em Santarém, embora tenha mudança prevista para Almoster. Uma aldeia de onde é natural a mulher com quem se casou há 26 anos e onde viveu algum tempo depois do matrimónio. Os três filhos do casal estão todos criados. O mais novo entrou este ano para Medicina.“Tenho saudades desses tempos, da família, dos amigos, da comunidade. Tinha os pais, os tios, os avós, tudo à beira”. A irmã, professora do primeiro ciclo, também vive em Santarém. “Nunca nos desenquadrámos. Nunca perdemos as raízes”. Mesmo quando desempenhou funções em Lisboa, como director do complexo desportivo do Jamor (2003-2006), a sua base sempre foi Santarém.

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