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Música digital sobrepõe-se no mercado e o vinil renasce

Música digital sobrepõe-se no mercado e o vinil renasce

A apresentação da música em formato digital irá sobrepor-se aos formatos até agora existentes, vinil, cassete e CD, e a comprová-lo está o aumento das vendas do novo formato, defendem três especialistas portugueses. Em declarações à agência Lusa, Nuno Galopim, Sérgio Gonçalves e Joaquim Paulo coincidem na opinião de que a história da música sempre se fez com mudanças de formatos. Por isso, sublinham, a música sobreviverá sempre, enquanto for uma necessidade humana, independentemente do formato em que for apresentada - vinil, cassete, CD ou digital.A este propósito, o mercado conta desde terça-feira, e para já apenas nos Estados Unidos, com o Microsoft Zune, que irá travar uma guerra digital com o líder do mercado de leitores multimédia, o iPod da Apple. O Zune nasce cinco anos após o lançamento do primeiro iPod, o leitor digital que domina as vendas a nível mundial, para competir com a quinta geração de leitores, que não serve apenas para ouvir música, mas também para ver fotografias e vídeos.Para Nuno Galopim, editor da secção Artes e editor da revista 6ª do Diário de Notícias, “algumas pessoas estão muito assustadas, mas eu não vejo com apreensão esta mudança, porque não vai trazer nada senão o mundo da música adaptar-se”. O formato digital inviabiliza os formatos anteriores? “Alguns já desapareceram. A cassete áudio perdeu a razão de existir, mas o vinil ainda existe e nos últimos anos tem havido um recrudescimento do vinil e o mercado do coleccionismo ainda existe”, continua Nuno Galopim.Segundo Sérgio Gonçalves, consultor de duas empresas que distribuem conteúdos móveis e ex-newmedia manager na EMI, o CD vai continuar a existir tal como existe o vinil, que tem um público fiel, de tal forma que já se volta a editar em vinil. Nas lojas mais importantes, diz, o espaço do vinil tem vindo a crescer e com o CD acontecerá o mesmo.“Há uma geração que precisa da música no formato físico e uma nova geração para quem apenas faz sentido a música em formato digital”, continua Sérgio Gonçalves, preconizando que “vai acabar por acontecer um culto à volta do CD”.Joaquim Paulo, director-adjunto do Rádio Clube Português, é peremptório: o CD vai morrer. É que enquanto o “vinil não morreu, porque é um objecto muito bonito, não é uma coisa abstracta, o CD vai morrer, porque é desinteressante”. “As pessoas precisam sempre de uma referência física”, considera, no entanto.Certo, certo é que, nos últimos anos, as vendas de CD têm vindo a cair, compensadas pelas subidas das vendas digitais. Para Nuno Galopim, o mercado do CD tenderá a encolher, mas continuará a suportar a nostalgia e os produtos de grande venda mundial, como os Beatles.“Perde-se a necessidade de comprar álbuns inteiros, porque se pode comprar apenas uma ou duas faixas”, salienta, acrescentando que “relativamente ao que se pode aceder é infinitamente mais”. “Em digital temos uma infinidade que ultrapassa a própria capacidade de absorção. A oferta é tão grande que dependemos de filtros, de alguém que nos guie através da infinidade de informação”, sublinha o jornalista.Joaquim Paulo defende que o formato digital imprimiu uma revolução total na indústria discográfica, que “tem estado completamente adormecida para este problema”. “Não vai durar muito mais tempo, no máximo em 10 anos, desaparece a indústria discográfica tal como está. Duvido que as editoras tenham tempo para reagir”, realça.
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