O factor sorte não é importante só para os apostadores do Euromilhões e outros jogos de azar. No mundo da informação as coincidências, a sorte ou, se lhe quiserem chamar assim, o destino podem fazer com que a notícia surja ao virar da esquina, quando menos se espera. É a importância de se estar no local certo à hora certa. Foi o que aconteceu comigo e com mais onze camaradas de O MIRANTE no dia 2 de Novembro. O almoço mais ou menos bianual da nossa informal sociedade do Totoloto – até hoje o único proveito que daí retiramos – foi este ano marcado para o Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém. Nessa quinta-feira era o dia da Madeira e resolvemos experimentar o almoço regional no salão da Casa do Campino.Quando chegámos ao local, já a salivar devido à mistura de odores que pairava no ar, uma simpática funcionária da organização, em conversa de circunstância, lamentava que o programa estivesse atrasado. Isto porque os inspectores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) andavam a passar a pente fino a cozinha onde estava a ser confeccionado o nosso almoço. Bem como algumas tasquinhas do festival.O que constituiu um incómodo transtorno para o vulgar dos comensais, converteu-se para nós numa óptima oportunidade. A viagem estava ganha e ainda o almoço não começara. Até porque a inspecção teve consequências que se tornaram obviamente notícia. Como a apreensão de artigos que, alegadamente, não estavam em condições de ser consumidos.Os jornalistas de O MIRANTE são habitualmente pessoas atentas ao que se vai passando na sua área de intervenção. E vão ajudando a contar dia a dia a história de uma região - um trabalho que aliás é reconhecido por algumas rádios que usam o nosso diário online como uma espécie de agência noticiosa. Mas nesse dia podemos dizer com toda a propriedade que estávamos mesmo em cima do acontecimento. Porque para além de espectadores interessados também fomos atingidos pelas suas consequências. E lá tivemos de ficar mais uns bons minutos com a barriga a dar horas. A vingança serviu-se à mesa. Quente e fria como os petiscos que estavam na ementa.João Calhaz