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Profissão de risco

Há três meses fiz um seguro de vida. Tratei da papelada, autorizei o pagamento por débito em conta e fiquei descansado a pensar que já podia morrer tranquilo que a minha família teria a ajuda necessária. Semanas depois recebo uma carta da seguradora onde se lia que a minha proposta foi aceite com exclusão nas coberturas de morte e invalidez porque “o proponente exerce a actividade de jornalista”. Reclamei e a situação foi corrigida. Agora o seguro só não cobre se eu morrer em funções numa zona em conflito e fora do território nacional. Estou mais descansado.Trago aqui esta situação porque ela fez despoletar o debate no seio de um grupo de amigos jornalistas. Será a profissão de jornalista uma profissão de risco? Pessoalmente, penso que sim, mas é um risco que vale a pena. E o risco está em todo o lado. Como dizia um dos meus amigos: “até há quem morra na cama, a dormir ou a fazer amor!”.A profissão de jornalista é exigente e obriga-nos a correr múltiplos riscos. Na ânsia de chegarmos a todo o lado, andamos sempre à pressa e corremos maior risco de sofrer acidentes e multas. Somos forçados a armazenar uma quantidade enorme de informação nos nossos cérebros e não temos oportunidade de fazer ‘up-grade’ para aumentar a capacidade de memória. Um dia destes ele, o cérebro, não aguenta. O risco é elevado.Denunciamos casos que podem levar pessoas sem escrúpulos à prisão, à falência ou à decadência perante a sociedade e lá surgem as ameaças de morte e outras que nos deixam ainda mais preocupados. Trabalhamos sem limites de horário e forçamos o nosso organismo a um desgaste superior ao de muitas profissões com maior probabilidade de termos um Acidente Vascular Cerebral e outros problemas graves de saúde.Todos temos consciência destes e de outros riscos e continuamos cá. Acreditem que não é pela ambição de fazer fortuna porque o risco nem sempre compensa. Estamos cá porque gostamos desta profissão. O facto de ser jornalista permite-nos contactar com realidades diferentes todos os dias. No mesmo dia assistimos ao julgamento de um criminoso, entrevistamos uma personalidade da área cultural e fazemos uma reportagem numa festa popular. O juiz, o intelectual e o homem do povo têm a mesma importância no enriquecimento do nosso maior património. Nenhuma história, reportagem ou crónica vive sem as pessoas e nesse capítulo O MIRANTE tem feito escola quando coloca as pessoas na pequena notícia e na grande reportagem.Trabalhar num semanário como O MIRANTE é um desafio que se renova todos os dias. Aos 19 anos, este jornal continua a crescer e a última edição, num novo formato e com um novo grafismo, é mais um sinal de modernidade de que muito nos orgulhamos. Por mim, quero continuar a correr riscos…~Nelson Silva Lopes

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