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Não tinha nada que fazer e a manhã de domingo estava amena.Vesti o fato de treino e resolvi dar um passeio pela charneca da Chamusca. A charneca que ardeu tragicamente em 2003. Fiquei desolado. Três anos após a tragédia, nada foi feito para recuperar o luxuriante verde daquele imenso pulmão ribatejano. Algumas árvores mais fortes teimam em manter-se de pé, mas são apenas esqueletos que esperam a erosão do tempo para caírem por terra. O resto é mato rasteiro que vai rompendo sem qualquer aproveitamento ou utilidade. Apenas pode vir a servir para, num próximo Verão, alimentar novo incêndio. Após a tragédia foram anunciadas medidas para fazer a reflorestação da vasta área ardida. Vieram à Chamusca ministros e secretários de Estado, foram entregues subsídios chorudos a alguns proprietários, mas de concreto nada foi feito, e a floresta chamusquense continua morta. Como é possível que os responsáveis sejam tão irresponsáveis? Como é que nos impingem tantas mentiras? Como é que anunciam planos de reflorestação e atribuem subsídios, e passados mais de três anos nem um único passo foi dado para a reabilitação da floresta?Na altura da tragédia, preocupado com a situação, o Governo aprovou uma lei que proibia durante dez anos, qualquer construção na área da floresta ardida. Uma medida que visava colocar um travão em alguma veia oportunista de construtores sem escrúpulos. Muitos daqueles que nada fizeram pela recuperação da floresta, estão agora preocupados porque a lei está a prejudicar o concelho da Chamusca. E está a prejudicar porquê? Porque impede a construção dos CIRVERS – Centros de Tratamento de Resíduos Perigosos, uma vez que o local previsto a sua implantação é uma das áreas mais flagelada pelo incêndio de 2003. É preciso rever a lei, gritam os responsáveis políticos do concelho, porque a construção daqueles equipamentos pode ser a solução para a difícil situação económica e financeira que grassa na Câmara Municipal da Chamusca. Sobre a floresta nem uma palavra. Os responsáveis políticos de todos os quadrantes esqueceram o problema. E quem mora na Chamusca também responde por desinteresse. Afinal é preferível fingir que não percebemos do que protestar e clamar pela salvação do pulmão florestal do concelho.Fernando Vacas de Jesus

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