As estórias de pessoas que estão dispostas a estender a mão às outras em troca de um sorriso são sempre inspiradoras. Fazem-nos avaliar o que é realmente importante e olhar com mais atenção para quem está ao nosso lado e pode precisar de uma mão amiga.Em O MIRANTE foi-me dada a possibilidade de conhecer uma dessas pessoas anónimas que, provavelmente, não vou esquecer. O nome dela é Lurdes Assunção, a ‘mãe das batas amarelas’ do Hospital Reynaldo dos Santos, de Vila Franca de Xira. As ‘batas amarelas’ são um grupo de voluntárias que todos os dias procura melhorar a qualidade de vida de quem se vê obrigado a estar naquela unidade hospitalar. Os serviços prestados vão desde um “mini pequeno-almoço” para quem espera consulta, ao chá e café servido aos doentes depois do almoço, passando pelo serviço de cabeleireira / manicure e pela distribuição de revistas, livros e jornais. O grupo nasceu há 15 anos pela mão de Lurdes Assunção que quis dar aos outros aquilo que já lhe haviam dado. Um cancro obrigou a voluntária a passar muito tempo no Instituto Português de Oncologia onde recebeu o carinho que desde então tem vindo a dar a outros que precisam. Lembro-me do seu sorriso sincero e cheio de bondade quando, no dia em que a acompanhei no Reynaldo dos Santos, ela entregou um copo de café ao senhor Carlos Ribeiro. E recordo-me também do brilho no olhar do doente quando recebeu o café e o carinho da voluntária. Desde então ficou-me a vontade de dar também um bocadinho de mim aos outros. O que hoje quase significa ser uma excepção num mundo cada vez mais individualista. Ainda não dei esse passo, confesso, mas a vontade continua cá. Falar com Lurdes Assunção é um privilégio, é uma lição de vida. A garra da vilafranquense de 62 anos e a sua disponibilidade para o próximo é hoje um exemplo para mim. Um exemplo reconhecido também por O MIRANTE que em 2005 lhe atribuiu o prémio Cidadania dos Prémios “Personalidade do Ano”.Sara Cardoso