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Coreógrafo com coração ribatejano

Tiago Guedes viveu a infância em Minde e agora espalha talento por toda a Europa
O nome de Tiago Guedes é pouco conhecido na nossa região mas este “ribatejano” natural de Leiria é um dos principais nomes da dança contemporânea em Portugal. Nasceu há 28 anos na cidade do Lis mas foi ainda bebé para Minde, concelho de Alcanena, terra da família da mãe, onde viveu até aos 18 anos. Foi aluno no Centro de Estudos de Fátima.A sua ligação à música começou cedo. Por influência de uma prima, professora de instrumentos clássicos, entre os seis e os 16 anos frequentou aulas de piano no Conservatório de Tomar. Quando atingiu o nível mais alto leccionado em Tomar, achou que não valia a pena uma carreira com dedicação de oito horas diárias ao piano e inscreveu-se numa escola de dança de Torres Novas, onde tinha aulas à noite com a professora Helena Carvalho.Para poder evoluir e tirar um curso superior na área das artes, foi obrigado a migrar para Lisboa. Era bom aluno e chegou a pensar fazer o conservatório e o curso de comunicação social ao mesmo tempo. Como as provas no conservatório lhe correram bem e conseguiu entrar percebeu que tinha de optar por um dos cursos. Escolheu a vertente artística. Frequentou a Escola Superior de Dança, onde tirou a licenciatura. Assim que completou o curso, começou a trabalhar. Iniciou a sua actividade coreográfica em 2000 e dois anos depois criou a sua primeira peça – “Um Solo” – que recebeu vários prémios. Ainda em 2002, criou “Um Espectáculo com Estreia Marcada”, que esteve em exibição no Centro Cultural de Belém. Em 2003, criou o solo “Materiais Diversos”, peça novamente premiada. Em Abril de 2005 apresentou “Trio” no teatro Le Vivat (em Armentières, França), peça que exibiu também na Culturgest, em Lisboa, e que levou a outros países. O seu trabalho tem sido apresentado em vários festivais e teatros de Portugal, França, Alemanha, Itália, Grécia, Eslovénia, Suiça, Brasil, Áustria e Holanda.Tiago Guedes é artista em residência do Théâtre Le Vivat, em Armentières, e desde 2003 que trabalha com a produtora RE.AL, com sede em Lisboa. Como Portugal é um país com poucos hábitos culturais, tem trabalhado mais fora do país. Trabalhar durante cinco meses a preparar um espectáculo para exibir em 4 ou 5 cidades portuguesas é desmotivante, e por isso leva os seus trabalhos ao estrangeiro. Até porque assim tem contacto com outras culturas e o seu trabalho é percepcionado de formas diferentes.No início da carreira colaborou com outros coreógrafos e companhias de teatro mas hoje em dia é coreógrafo e bailarino. Faz as suas próprias peças mas também costuma entrar nelas como intérprete. No actual projecto que está a desenvolver, e que estreou no dia 15, no Teatro Camões, em Lisboa, é a primeira vez que não entra na sua peça como bailarino. Trata-se de uma reedição da sua peça “Trio”, que agora está a ser interpretada por 15 pessoas que não são bailarinos profisionais.Uma das lacunas que Tiago Guedes identifica na sua carreira é o facto de nunca ter feito espectáculo na região de onde é natural. Algo que quer modificar e por isso já encetou contactos com os responsáveis cine-teatro Virgínia, em Torres Novas. “É pena ser dessa região e nunca ter apresentado nada lá. Gostava muito de ir lá ainda por cima sendo um teatro onde eu comecei a ter aulas”, afirma. Hoje a sua ligação a Minde é apenas familiar. A família da parte materna está lá toda e Tiago vai lá no Natal e na Páscoa, basicamente.Tiago Guedes considera-se um artista mas não gosta de ver a vida de artista como uma espécie de excepção às outras pessoas. “Gosto de desmistificar esta coisa da arte. Toda as profissões têm a sua arte, a sua forma de fazer bem. Não gosto nem tenho essa postura de artista, de alguém que vive alheado do mundo, no seu buraco, de onde às vezes sai. Sou uma espécie de cientista. Escolho uma área muito específica, investigo a fundo e o que sai não são teses mas espectáculos que depois são mostrados e difundidos”, explica. Vem da área da dança mas os seus espectáculos estão muito ligados a conceitos específicos e pode agarrar-se a coisas do teatro das artes plásticas ou das arquitecturas.

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