Com 28 anos apenas, João Carlos Moleira já dedicou mais de metade da sua vida ao jornalismo. O rosto das manhãs da SIC Notícias abriu o álbum de memórias a O MIRANTE e deu a conhecer o jovem por detrás das câmaras. Tinha apenas 14 anos quando o jornalismo se atravessou no seu caminho. Se até esse dia nunca soube o que dizer quando lhe faziam a inevitável pergunta ‘o que queres ser quando fores grande?’, a partir daí não teve dúvidas sobre a resposta: “quero ser jornalista”. Filho de pais alentejanos radicados em Alverca, João Carlos Moleira nasceu há 28 anos em Vila Franca. A família tem-no mantido no concelho, em Alverca, embora admita não ter grande ligação com a cidade onde reside, que muitas vezes acaba por funcionar apenas como ‘dormitório’. Foi na Escola Secundária Gago Coutinho, que o jornalista da SIC se iniciou na profissão que o encantou. No âmbito de uma disciplina foi exigida a colaboração com o jornal da escola, acaso que iria mudar a sua vida. O entusiasmo pelo jornalismo crescia a cada dia enquanto tudo o resto ia ficando para trás. A escola, que passou a ser vista como um complemento e um “frete”, e as brincadeiras normais de um miúdo de 14 anos. Hoje olhando em retrospectiva, João não se arrepende. “Sei que perdi uma série de coisas, mas ganhei outras”. Ganhou sobretudo, diz, a possibilidade de aos 28 anos estar onde muitos consideram ser o topo da carreira. Mas o jornalista do canal noticioso da SIC não se deixa deslumbrar e nem tem a certeza se é televisão que quer fazer para o resto da vida. “Sou jornalista acima de tudo, gosto de trabalhar em comunicação. Gosto do que estou a fazer agora, mas não sei se no futuro não me apetecerá fazer outra coisa”, refere. De resto, João Carlos Moleira já passou pelas principais áreas do jornalismo: televisão, rádio e imprensa, nos órgãos de comunicação social da região. A adolescência e a juventude passou-as nas redacções. Nessa altura, enquanto os colegas liam bandas desenhadas, João devorava atlas, jornais e revistas com uma sede insaciável de saber mais sobre o mundo em que vivia. A televisão surge em 1999 para João Carlos Moleira ao ser escolhido para integrar a equipa fundadora do Canal Notícias de Lisboa (CNL), convite que aceitou “sem hesitar”, pela vontade que tinha de experimentar tudo. O CNL foi para o ar a 15 de Setembro de 1999 e João Carlos Moleira foi a cara que deu as boas vindas aos portugueses. As sensações que viveu nesse dia, desde a “ansiedade” ao “frenesim colectivo, o jornalista acredita que dificilmente voltará a sentir. O CNL teve vida curta, mas foi através dele que foi convidado a integrar a equipa fundadora da SIC Notícias, em 2000. O gosto pelo que faz não o desmotiva quando desde há cerca de um ano consecutivo tem que acordar às quatro da madrugada para fazer o programa da manhã, das sete às 10 horas, mesmo que assim a sua vida social vá às urtigas. A roubar ainda mais tempo estão as aulas que dá de jornalismo televisivo na Universidade Independente, desde há dois anos, onde passa agora mais tempo que na época em que aí estudou Ciências da Comunicação. Aos seus alunos diz que procura transmitir não só as teorias e técnicas do jornalismo, mas também a trilogia necessária para se conseguir algo no mercado muito fechado de hoje: espírito de sacrifício, paciência e persistência.João olha com apreensão para o momento que se vive no país e a “crise” que ele atravessa. Crise que acredita estar na origem da “crise de valores” dos mais jovens que estão “a voltar a acomodar-se, a perder a vontade de criar”. O jornalista da SIC teme pelo prolongamento desta situação, até porque diz não ver a curto prazo uma solução para os problemas do país. E serão os relatos de um “país em crise” que João Carlos Moleira vai fazer nas manhãs da Sic Notícias. Isto até decidir mudar o seu rumo, porque não tem medo de arriscar. O importante é que possa sempre comunicar, a sua verdadeira paixão.