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O presidente de junta mais novo do país

O presidente de junta mais novo do país

Diogo Valentim conquistou a freguesia do Souto em Outubro de 2005 com apenas 19 anos
O mais jovem presidente de junta de freguesia do país é estudante na Escola Superior de Gestão de Santarém, vive num quarto alugado durante a semana e em casa dos pais ao fim de semana. Em Outubro de 2005, com 19 anos, o social-democrata Diogo Valentim conquistou a proeza de roubar ao PS a freguesia do Souto, no concelho de Abrantes. Aquele pedaço de terra com 600 eleitores, cercado de floresta e pela albufeira do Castelo de Bode, foi governado pelos socialistas durante 18 anos. Para concorrer, Diogo teve de afrontar as convicções políticas do pai, que já havia sido autarca na freguesia durante 14 anos eleito pelo rival PS. Nem isso o demoveu de embarcar na aventura. E ainda conseguiu convencer a mãe e o irmão a integrarem a lista. Conclusão: hoje a mãe e o irmão, seis anos mais velho, integram a assembleia de freguesia.Quando decidiu liderar a lista do PSD - após o primeiro nome escolhido não ter aceite o desafio -, os pais colocaram algumas reservas. “Tiveram de início um certo receio. A minha mãe perguntava-me se tinha a certeza do que queria fazer”. Hoje o pai até lhe dá alguns conselhos, apesar de continuar a ser socialista. Porque numa comunidade tão pequena não há espaço para rivalidades doentias e todos colaboram em prol do bem comum.“Da lista era a única pessoa que pensava que podíamos ganhar”, diz. As indicações da campanha eleitoral, parte feita de bicicleta pelas ruas do Souto, ainda mais o convenceram. O facto de ter nascido e sido criado na freguesia ajudou. A sua juventude e a faceta sociável e bem disposta fizeram o resto. Ganhou por sete votos. A próxima campanha, se for candidato, já deverá ser feita de automóvel, pois encontra-se a tirar a carta de condução.O percurso na política iniciou-se através da Juventude Social Democrata (JSD) de Abrantes, quando se envolveu nas eleições para a Associação de Estudantes da Escola Secundária Solano de Abreu. Foi há cerca de seis anos. A partir daí nunca mais deixou de se meter em campanhas e de coleccionar cargos dirigentes. A mais recente foi para a distrital de Santarém da JSD, tendo sido eleito secretário-geral pela lista vencedora.A política corre nas veias deste jovem alto e sorridente que não tem pudor em afirmar que é ambicioso, “mas com contenção”. Confessa que um dia quer ser presidente da Câmara Municipal de Abrantes. “Gosto de ter os pés bem assentes na terra, mas também é bom as pessoas terem alguma ambição”, justifica. Entretanto, gostava de ficar ligado profissionalmente a um trabalho de serviço público. “Gosto de lidar com as pessoas, de ter uma relação directa com o público”. Embora também o seduza a área da hotelaria e da restauração. Até porque aprecia comer bem e considera-se um bom garfo.Durante a semana, Diogo Valentim vive em Santarém, onde frequenta o segundo ano do curso de Administração Pública. Alguns colegas tratam-no na brincadeira por “presidente”. O autarca diz que a distância não afecta a gestão da junta. Confia nos seus companheiros que integram o executivo e garante que sempre que haja uma situação de emergência pode deslocar-se até ao Souto. “Até agora não houve grandes problemas”.Apesar de exercer um cargo público e de ter mais responsabilidades, o jovem autarca assegura que continua a mesma pessoa. “Sei que tenho de ser mais responsável, mas continuo a viver a vida da mesma forma”. Tem tempo para namorar e para conviver com os amigos, para ir ao café ou a um bar. Gosta de ler jornais desportivos, semanários e regionais. A sua paixão clubística é o Sporting, mas não é presença habitual nos estádios. Embora goste de desporto e de vez em quando pratique umas partidas de ténis ou umas “futeboladas” com colegas estudantes. A recepção que teve por parte dos autarcas mais experientes do concelho deixou-o satisfeito. E agradecido. O presidente da Assembleia Municipal de Abrantes, o socialista Jorge Lacão, desejou-lhe sorte na sua missão. Tal como o presidente da câmara Nelson Carvalho (PS). Mas garante que isso não o impede de ser reivindicativo e de bater o pé quando é caso disso.Dos políticos da região tem uma visão positiva e aponta exemplos como Miguel Relvas e Jorge Lacão. É um optimista quanto ao futuro. Da região e do país. “Acho que somos um país viável, mas vivem-se tempos de contenção que as pessoas por vezes não aceitam, até porque se está sempre a cair no mesmo”. Considera que a nova geração de políticos “pode dar outro rumo” ao país. E conclui com uma manifestação de esperança: “Devemos acreditar nos nossos jovens”.
O presidente de junta mais novo do país

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