Aos 23 anos, Sérgio Silva conseguiu aquilo que todos os desportistas pretendem. No duatlo, prova que mistura atletismo e ciclismo, é campeão nacional, campeão da Europa e campeão do mundo. Mas não é “só”. Em 2006, venceu as seis provas de duatlo em que participou, não dando qualquer hipótese aos seus adversários e conquistando os três títulos já referidos.Com tantas vitórias, acaba por ser quase difícil acreditar que o atleta ribatejano, natural de Alhandra, só pratique a modalidade há cinco anos. Tudo começou no duatlo das Lezírias de 2001, em Vila Franca de Xira. Na altura praticava canoagem e para treinar decidiu entrar no duatlo. Resultado: venceu no seu escalão etário. Foi o ponto final numa série de experiências começadas aos 7 anos, em que passou pelo atletismo, futebol e canoagem, e que, a partir dessa data, se virou definitivamente para o duatlo.No ano seguinte (2002) foi vice-campeão do mundo de duatlo no escalão de juniores e quinto no Campeonato da Europa de Duatlo. O primeiro título internacional surgiu em 2003, ano em que venceu pela também pela primeira vez o Campeonato Nacional de sub-23 e viria a conquistar ainda o título europeu naquele escalão. No campeonato do mundo foi quarto e nos nacionais absolutos ficou em segundo lugar. 2004 foi novo ano recheado de êxitos. Foi campeão nacional absoluto e de sub-23, ficando em 16º no mundial. Em 2005 voltou a vencer o Campeonato da Europa de sub-23, foi oitavo na taça do mundo, campeão nacional colectivo de duatlo e vice-campeão colectivo de triatlo.Além de bom atleta, Sérgio Silva é também um bom aluno. Está no quarto ano da licenciatura de Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, conciliando os estudos com a prática desportiva. A mudança para a capital levou-o para o Centro de Alto Rendimento do Jamor, onde vive actualmente. Tem o estatuto de atleta de alta competição desde 2002, altura em que conquistou a primeira medalha no campeonato do mundo. Esse facto permite-lhe não só usufruir das excelentes condições do complexo do Jamor mas também de uma bolsa financeira de apoio, além de algumas facilidades na vida académica.Onde não há grandes facilidades é na vida social. Entre treinos de manhã, aulas durante o dia, treinos novamente à tarde e provas ao fim de semana, resta muito pouco tempo para partilhar com os amigos e com a família. Durante a semana levanta-se às 6h30 da manhã e como entra às 9h00 na universidade, aproveita para correr entre as 7h00 e as 8h30. À hora de almoço vai correr novamente e depois de sair das aulas pega na bicicleta e vai treinar mais umas duas horas. Mas não se queixa. Garante que o trabalho é compensado sempre que corta a meta e sobe ao pódio.A alimentação sem excessos, feita muito à base de hidratos de carbono, massas, arroz, carne e peixe grelhados, bem como saladas frias, ajudam a que não ultrapasse os 62 quilos, o que é óptimo para o seu metro e setenta e dois. Assume que de vez em quando uns açucares rápidos “também calham”, mas nada que comprometa. A sua maior tristeza é o facto do duatlo não conseguir ter o mesmo protagonismo do triatlo e nem sequer é ainda modalidade olímpica, o que lhe limita o sonho de uma medalha nos Jogos Olímpicos. Ultimamente tem tentado melhorar a sua prestação na natação (modalidade que se junta ao atletismo e ciclismo no triatlo), mas ainda não atingiu o nível que deseja nessa especialidade.O Alhandra Sporting Clube foi o seu clube até 2002. Nesse ano passou a praticar duatlo no Camarnal, equipa do vizinho concelho de Alenquer, e nas provas de atletismo em que participa sobretudo para preparação, representa actualmente o Juventude Vidigalense de Leiria. Actualmente é treinado pelo técnico José Santos, um ex-atleta que se licenciou em Educação Física e Desporto e é mestre em Psicologia do Desporto.