uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Procura de produtos de agricultura biológica aumentou

Profissionais querem mais apoios e mudança de políticas
Quinze anos após a publicação da primeira legislação europeia sobre agricultura biológica, Portugal conta já com cerca de 50 mil consumidores, mas os profissionais do sector reivindicam mais divulgação e apoios para "acabar com os mitos". Rejeitando o uso de fertilizantes e pesticidas de síntese química, os produtores da agricultura biológica procuram estabilizar a humidade do solo e torná-lo uma reserva nutritiva através da rotação de culturas, controlo biológico de pragas e adição de detritos orgânicos ou minerais triturados.O resultado é uma grande variedade de alimentos mais saborosos, saudáveis, seguros e melhor controlados, garante Ângelo Rocha, da direcção da cooperativa Biocoop e representante dos comerciantes na Associação Interprofissional para a Agricultura Biológica (Interbio)."Os legumes e frutas 'bio' têm mais 20 por cento de matéria seca do que os convencionais, pelo que concentram mais nutrientes e têm um sabor mais intenso", explicou à Lusa, considerando que estas vantagens são suficientes para compensar a diferença do preço.Apesar do "aumento da procura", o custo dos alimentos biológicos é ainda superior aos dos alimentos comuns, mas em alguns casos, como o leite ou a manteiga, a diferença deve-se à necessidade de importação. A Interbio defende por isso o incentivo à produção nacional, e sustenta que a agricultura biológica é uma actividade económica compatível com as exigências de protecção do ambiente."É preciso mudar as políticas, porque os apoios dados aos produtores não têm surtido efeitos", disse Ângelo Rocha, referindo-se às leis agro-ambientais definidas pelo Ministério da Agricultura. "Falta também dirigir apoios para a divulgação, até agora feita por cooperativas e consumidores, para acabar com os mitos que associam este tipo de alimentação a comida para doentes, ricos ou fundamentalistas", acrescentou.No entanto, o conceito "bio" está hoje presente em sectores como os de cosméticos e detergentes, fabricados apenas com produtos naturais, e a pecuária, onde o uso de antibióticos e reguladores de crescimento é proibido. Entre 2002 e 2005, a produção vegetal quase triplicou e o número de animais criados sob o sistema biológico quadruplicou, movimentando um total de dois mil operadores no ano passado, segundo dados do ministério. Além do crescimento do mercado, Ângelo Rocha apontou outras vantagens do negócio: os produtores não estão em contacto com químicos prejudiciais para a saúde e não têm de se preocupar com o tamanho ou forma "ideais" dos alimentos, porque a garantia de controlo é "suficiente" para os consumidores.Segundo informação disponibilizada pela Interbio, o sector da agricultura biológica conheceu "um crescimento espectacular nos últimos 15 anos", constituindo uma "aposta estratégica da União Europeia e de Portugal". Lisboa, Porto, Évora e Alpiarça são alguns dos concelhos onde existem já mercados ou feiras exclusivamente dedicados à agricultura e pecuária biológicas.

Mais Notícias

    A carregar...