O pior é que não choveu
No passado dia 1 de Novembro, no Cartaxo, voltámos a ter um grande exemplo de como anda a Festa brava em Portugal, e a quem ela está entregue. A corrida foi anulada. Foi o culminar de mais uma temporada em que o desrespeito pelo público e pelo espectáculo que tantos apaixona foi evidente, muitas vezes com a cumplicidade de directores de corrida e de outros intervenientes directos. Exemplos!? Amadores a tourear todos os dias com profissionais, praticantes a actuar em variedades taurinas, trincheiras a abarrotar, entre muitos outros, que são do conhecimento geral. O mais estranho é que a generalidade dos intervenientes, profissionais ou não, parecem pouco interessados em melhorar o estado paupérrimo a que chegou a festa dos toiros no nosso país. O Regulamento foi feito para muitas vezes não ser cumprido, e ao que consta, o próximo vai deixar de fora aspectos de extrema importância, como por exemplo as voltas à arena. Estas continuarão a ser dadas “a gosto” pelos artistas, muitas vezes sem serem prémio de boas actuações, confundindo o público, não fazendo a diferença entre o bom e o mau.Mas voltemos ao Cartaxo, Capital do Vinho e lugar de mais uma praça deste Ribatejo aficcionado, que está ao abandono e perde importância no panorama taurino. Uma que se junta às de Santarém, Almeirim, Azambuja, Salvaterra de Magos, entre outras. Se não fossem as praças desmontáveis, quantas corridas se realizariam? De uma forma geral, as praças fixas dão cada vez menos espectáculos e muito menos se constroem novos tauródromos. O que acontece a um espectáculo que não se moderniza, não adopta novas formas de divulgação, não conquista novos públicos?No Cartaxo a corrida foi anulada devido ao mau estado do piso e à falta de condições sanitárias. Facto que é estranho, se tivermos em consideração que a chuva não caiu na região nos dias anteriores, estranho é que, segundo o Regulamento, os espectáculos só podem ser cancelados à hora do sorteio, nesse caso ao meio-dia, e no Cartaxo, no dia anterior à corrida já estava sem efeito. O que diz a isto senhor director de corrida? O que será que escreveu no relatório que tem de apresentar ao IGAC? As inúmeras pessoas que se deslocaram à praça na manhã e na tarde da passada quarta-feira encontraram portas fechadas e ninguém que desse explicações. Para que não restassem dúvidas, o público deveria ter acesso à arena para verificar o mau estado do piso e atestar da impossibilidade de se realizar a corrida.De quem é afinal a culpa de tudo isto? De pseudo-empresários, que querem ganhar a concessão das praças para darem espectáculos sem interesse nem novidade ou para os cancelarem na primeira oportunidade. Se fossem verdadeiros aficionados teriam outro cuidado na promoção dos espectáculos, com divulgações apropriadas e não com cartazes cheios de erros ortográficos. E as entidades detentoras dos imóveis? Não terão elas também culpa no que se passa? Neste caso, a Câmara Municipal do Cartaxo, mas muitas outras Autarquias, Misericórdias e demais proprietárias, entregam as praças a quem dá mais, sem critérios que defendam a tauromaquia ou as tornem rentáveis através da realização de outros espectáculos. Esta é a Grande realidade. Por favor peço-vos que divulguem.Luís Marcelino - Aficionado
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