O “fait-divers” Luísa Mesquita
Os conflitos entre militantes e direcção do PCP costumam ter por base questões ideológicas. No caso da recusa de Luísa Mesquita em ceder o seu lugar de deputada assiste-se a algo diferente. Ela entra em conflito com o partido porque entende que não há razão para cumprir aquilo que acordou na altura da constituição das listas. Luísa Mesquita aceitou pôr o lugar à disposição quando o PCP achasse que tal era necessário. Assinou um documento comprometendo-se a tal. Agora que o partido entendeu que era chegada a hora ela decide violar o compromisso e alega razões várias. Porque o sacrifício feito pelo partido ao interromper a carreira académica deve ser recompensado com o cumprimento da totalidade do mandato. Porque não aceita que, embora a avaliação do seu trabalho seja positiva, o PCP queira outra pessoa no parlamento para travar outras batalhas. Porque só agora descobriu como funciona a organização onde está. Porque só agora percebeu que, ao assinar o documento em que se comprometia a renunciar ao mandato, não estava a respeitar quem a elegeu.Ao fim de trinta e dois anos de militância Luísa Mesquita entra em conflito com o PCP mas garante que vai manter-se nos cargos para que foi eleita – deputada e vereadora da Câmara Municipal de Santarém. Resta saber se no exercício dos mesmos vai cumprir o programa que prometeu cumprir, ou seja, o programa do partido. Se assim for confirma-se que estamos perante a velha história, mil vezes repetida, de alguém que se considera insubstituível. Um simples “fait-divers”. Alberto Bastos
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