Luísa Mesquita acusa direcção do PCP de “atitudes persecutórias” e continua no Parlamento e na Câmara de Santarém
Deputada comunista eleita por Santarém recusou ser substituída do grupo parlamentar
O respeito por quem nela votou é a justificação que Luísa Mesquita dá para querer levar os seus mandatos até ao fim na Assembleia da República e na Câmara de Santarém. Mesmo admitindo que isso lhe vai valer “atitudes persecutórias” por parte da direcção do partido.
A deputada e vereadora comunista na Câmara de Santarém Luísa Mesquita, 57 anos, garante que vai continuar a desempenhar essas funções políticas apesar da direcção nacional do PCP lhe ter retirado “parte da confiança política” na passada quinta-feira. Em declarações a O MIRANTE, a parlamentar - que se recusou a abandonar a bancada comunista na Assembleia da República como pretendia o PCP -, diz que vai continuar nos cargos “enquanto tiver condições”. Embora preveja que algumas “atitudes persecutórias” por parte da direcção do partido podem dificultar o seu trabalho. Como a retirada de algum do apoio técnico de que dispunha no Parlamento.“Mas como não sou de baixar os braços vou continuar. Devo respeito a todos os que em mim votaram, que não foram com certeza só comunistas, bem como aos meus amigos e família”, diz Luísa Mesquita ao nosso jornal, garantindo que vai “procurar criar condições para continuar a trabalhar e responder a todos os apelos” que lhe forem “feitos directamente”.Luísa Mesquita observa ainda que neste processo há “dados estranhíssimos”. Como o de ter perdido a confiança do partido para integrar a comissão parlamentar de educação, mas ao mesmo tempo ter-lhe sido dada confiança para integrar a comissão parlamentar de saúde e continuar como vereadora na Câmara de Santarém e como dirigente distrital do PCP. Critica também o facto de a direcção do grupo parlamentar ter trazido para a praça pública uma questão de organização interna. A deputada revela que no Verão foi-lhe dado conhecimento da proposta de substituição. E que logo na altura deixou claro que só aceitaria se houvesse por parte da direcção do partido uma avaliação negativa do seu trabalho político ou a perda de confiança política. “Sempre me foi dito que havia toda a confiança na minha intervenção e uma avaliação acima da média da minha actividade política”, afirma.Refuta ainda as declarações do líder do PCP, que a acusou de não respeitar o “compromisso ético e político” assumido por todos os candidatos de colocarem o lugar à disposição sempre que o partido o entenda. Luísa Mesquita considera que quem não cumpriu com o acordado foi a direcção do PCP. Lembra que tem uma vida profissional ligada ao ensino e que por isso “houve uma série de clarificações feitas no início de 2005” onde terá ficado definido que cumpriria o mandato na totalidade.Luísa Mesquita acrescenta que não tenciona desfiliar-se do partido de que é militante há 32 anos. “Mas a vontade própria por vezes não tem qualquer valor e não sei o que a direcção do PCP pensa fazer nas próximas semanas”, admite. Conclui dizendo que não vai mudar a sua forma de fazer política, apesar da “mágoa e desilusão” que diz ter sentido.
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