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Piedade Salvador lança livro de memórias

Poetisa oferece receita para crianças de Moçambique

Piedade Salvador é um fenómeno raro de popularidade. No domingo encheu o auditório em Samora.

“A Vida nos Versos, Pedaços da Minha Vida” é um livro de memórias de Piedade Salvador. Uma visita guiada pela infância da autora nos campos da lezíria ribatejana. São fragmentos da memória de uma mulher de 57 anos que tem vivido para os outros e que coloca na sua escrita simples a sua forma de estar na vida. O escritor Domingos Lobo escreve no prefácio que Piedade Salvador “é um fenómeno de popularidade rara entre os fazedores de versos”. Foi também por isso, que o auditório do Palácio do Infantado em Samora Correia se encheu, na tarde de domingo, com cerca de uma centena de amigos e admiradores da “Poetisa do Povo”.“Desculpem, mas eu não sou escritora para intelectuais. Tenho uma cultura muito reduzida. Escrevo para o meu povo, coisas simples, que vocês entendem”, disse na cerimónia de apresentação do livro editado pela Câmara Municipal de Benavente e cuja receita das vendas no local ofereceu para uma causa nobre- o apoio às crianças da Escolinha da Apresentação de Maria, instituição que acolhe crianças órfãs, desnutridas e doentes em Moçambique.Piedade Salvador queria ajudar uma instituição e pediu a ajuda da Irmã Teresa da Paróquia de Samora Correia que lhe sugeriu uma causa que bem conhece e onde já trabalhou como voluntária. “Temos a certeza que o dinheiro vai directo para as crianças”, explicou Piedade Salvador com a voz embargada pela emoção.“Continue a ser a mulher que é para nos ajudar a construir um mundo melhor para todos”, disse o presidente da Câmara Municipal de Benavente. António Ganhão recordou que Piedade Salvador é uma cidadã que orgulha o concelho e que foi distinguida com a medalha de mérito municipal. No seu currículo tem ainda a medalha do Foral de Samora Correia, o Prémio Carlos Gaspar e a medalha do Município de Alenquer onde desenvolveu colaboração em várias iniciativas culturais e de beneficência. Mas a maior distinção, vem das centenas de amigos que fez ao longo dos 20 anos em que através dos versos projectou o Ribatejo.O presidente da Assembleia Municipal de Benavente, Carlos Pernes considera a poetisa uma embaixatriz de Samora Correia e do Ribatejo que está ao nível dos grandes poetas e recordou o seu percurso simples e natural.Tudo começou com o fenómeno das rádios locais em 1985. Piedade Salvador foi dos primeiros ouvintes a conquistarem um espaço nas ondas hertzianas e a sua voz tornou-se presença habitual em todas as rádios da região. Multiplicaram-se os espectáculos, a maioria para causas nobres, e surgiram as primeiras letras escritas para fadistas e cantores populares. “Foi uma brincadeira que se tornou num caso mais sério”, conta a poetisa.Neste livro de memórias, Piedade Salvador recupera a caminhada como poetisa, mas vai mais longe e dedica um espaço privilegiado à sua infância numa homenagem aos pais e aos avós. Estão lá algumas das estórias da menina que fez um curso de dactilografia em Lisboa, pago pelos tios e depois trabalhou como empregada de escritório até ao casamento. Com o matrimónio com João Casquilho trocou a secretária pelo campo e foi trabalhar para a quinta dos sogros onde aprendeu as actividades agro-pecuárias e ganhou ainda mais amor à lezíria que é o pano de fundo de uma boa parte dos seus poemas. O livro de Piedade Salvador pode ser adquirido por cinco euros.

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