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As visitas da PIDE e as pressões após o 25 de Abril

Viviam-se ainda os tempos da ditadura quando António Cláudio teve a ideia de promover um programa de variedades intitulado “Pingue-pongue”, onde a música, a dança, a poesia davam o mote para entrevistas e para intervenções a reclamar melhores condições de vida em Almeirim, melhores estradas, mais direitos. Uma das coisas de que ainda se lembra bem é que tinha sempre na primeira fila alguns espectadores muito atentos e interessados. Eram agentes da PIDE, a polícia política do regime ditatorial. Houve uma vez em que os agentes foram a casa de António Cláudio para o intimidar. “Questionei-os se achavam que estava a fazer política, acrescentando que apenas zelava pelos interesses da terra onde eu, a minha família e os meus amigos viviam. E eles acabaram por me deixar em paz”, lembra. “Uma vez fiz uma percentagem das ruas que estavam alcatroadas, as de empedrado e as que se encontravam em terra batida, exigindo que as estradas fossem melhoradas”, refere António Cláudio. Explica que o programa se designava “Pingue-pongue” porque o espectáculo umas vezes decorria do lado esquerdo outras do lado directo do palco, o que fazia com que as pessoas virassem as cabeças de um lado para o outro, como se estivessem a assistir a um jogo do qual deriva o nome. António Cláudio confessa que foi já depois da revolução de 25 de Abril de 1974 que sentiu mais problemas em expressar as suas opiniões. Recorda que uma vez paginou uma notícia de uma inauguração de uma obra da câmara perto de outra com os candidatos às eleições autárquicas de um partido opositor do PS que tinha a maioria no município. “Vieram a minha casa quase que desancar-me. Pensavam que estava a fazer política, mas não, só me preocupava em dar voz a toda a gente”, refere.

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