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Trinta por cento das rádios portuguesas fora da Internet

Trinta por cento das rádios portuguesas fora da Internet

Estudo defende que a rádio mude a sua estratégia
Trinta por cento das 318 estações de rádio portuguesas não têm sistema de retransmissão da emissão hertziana em site próprio da Internet, revela um estudo apresentado sexta-feira na Universidade do Minho, em Braga. O estudo, correspondente à tese de mestrado defendida pelo docente da Universidade do Minho Pedro Portela, indica que 31 rádios portuguesas não têm qualquer presença na Internet, seis limitam-se a ter um site (não retransmitem a emissão) e 61 apenas apresentam um sistema de retransmissão em “streaming” (não têm site próprio).“Constata-se que há 30,8 por cento das estações que negligenciam o potencial acrescido que a Internet pode trazer à sua actividade”, salienta Pedro Portela, notando também que “as rádios que nasceram na Internet apresentam ainda alguma imaturidade técnica”, dado que, muitas vezes, não é possível escutar a sua emissão. O estudo centrou-se na interactividade, tendo o investigador concluído que apenas 3,4 por cento das rádios portuguesas presentes na Internet “proporcionam oportunidades aos seus ouvintes para, através dos seus canais, intervirem na esfera pública em assuntos ligados às problemáticas socio-políticas mais relevantes para os destinos colectivos”.“Uma observação mais pormenorizada evidenciou a predominância da lógica do entretenimento, num contexto mediático transformado numa sucessão de espectáculos, que acaba por ser a principal força-motriz da já de si pequena abertura à participação que as rádios revelam”, salienta Pedro Portela.Quase três quartos das rádios “não manifestam ‘online’ atitudes de estímulo à interacção” e, nos poucos casos em que esse estímulo é claro, a participação dos ouvintes é aberta apenas ao entretenimento e feita quase exclusivamente (90 por cento) por rádios locais.“Este panorama, apesar de desapontante para quem acredita num uso democrático da rádio, não pode constituir uma surpresa, uma vez que em Portugal as rádios comunitárias hertzianas nunca encontraram expressão significativa”, realça Pedro Portela, acrescentando que apenas duas estações portuguesas integram a lista de membros da Associação Mundial das Rádios Comunitárias (AMARC).No caso das rádios nacionais, o investigador nota que as preocupações cívicas presentes nas emissões hertzianas não têm correspondência na Internet. “Para referir apenas um exemplo, a TSF não adoptou ‘online’ nada que corresponda aos seus muito participados ‘Fórum TSF’ e ‘Fórum Mulher’, que são um bom exemplo de abertura à cidadania nas ondas hertzianas”, refere.O docente atribui a falta de iniciativas de cidadania mais ao “falhanço da esfera pública mediática” do que à impossibilidade técnico-financeira de as implementar, dado que há software gratuito na Internet para instalação de sistemas de sondagens, “newsletters”, fóruns, “chats” (comunicação instantânea), RSS (código de simplificação para acesso a actualizações fora do site), “podcasting” (produção simplificada de programas sonoros) e blogs.O investigador notou também “alguma relutância nas rádios em utilizarem a Internet para a difusão de conteúdos não-sonoros”, encarando a rede apenas como “uma espécie de antena de maior alcance”. Para Pedro Portela, “continua a ser premente que a rádio mude a sua estratégia face à Internet”, fazendo um “esforço efectivo” de incorporar todas as características da rede digital que lhe sejam benéficas.
Trinta por cento das rádios portuguesas fora da Internet

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