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Azeitona ao abandono

Aqui na minha terra que é Ortiga existe um grande olival que dá azeite excelente, fino e bem saboroso, fabricado pelo processo artesanal e que é considerado um dos melhores de Portugal. Este ano de 2006 houve muita azeitona mas temos um grande problema, não há compradores para o azeite. Há vinte anos atrás o excedente era todo vendido e os proprietários ficavam libertos para arrecadarem a nova produção, mas agora isso tudo acabou. Há muito azeite velho por vender e quem o tem não sabe o que fazer. O resultado é este: metade do olival fica por apanhar. É uma pena ver as árvores carregadas e abandonadas pois os seus donos só apanham para gastos de casa mais nada. O pessoal que o poderia apanhar já não aceita trabalhar por uma percentagem da produção de azeite, prefere ganhar dinheiro. E pede cinquenta euros por dia, o que não dá para pagar. Fala-se em miséria mas não vejo isso. Entre as décadas de vinte a sessenta, as pessoas rurais que pediam para ir para os ranchos eram proprietários abastados, hoje é o contrário são os mais pobres, são velhos e não têm forças. Os novos não fazem trabalhos no campo. Hoje a maioria das pessoas novas nem azeite come pois prefere comer óleos vários e outros comeres sintéticos da moda, por isso muito poucos passam dos setenta anos. Resultado disto tudo, o abandono total destes olivais que se vão enchendo de silvas e matos.Manuel Pires Fontes – Ortiga

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