O comunicado da Câmara da Golegã chegou às redacções no final da tarde da última quinta-feira com um esclarecimento: o presidente do município Veiga Maltez (PS) apenas desejava informar que “lamenta, mas não comenta” a condenação pelo tribunal local do presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, Vítor Guia, por ofensas corporais a um cidadão. Poucas palavras que indignaram Vítor Guia, ex-vice-presidente de Veiga Maltez no município e com quem se incompatibilizou politicamente no último mandato e com quem tem vindo a somar episódios polémicos. Vítor Guia, agora presidente da junta eleito como independente, recorda o caso que o levou pela primeira vez à barra do tribunal. Segundo o autarca, tudo se passou há pouco mais de um ano, quando o cunhado obrigou o sogro doente a levantar-se da cama para ir votar. Vítor Guia não gostou e chamou a atenção do marido da irmã que terá respondido com ofensas verbais – “senti-me ofendido e mandei-lhe um murro”. A queixa da agressão avançou para a justiça e no dia 20 o tribunal condenou o presidente da Azinhaga com uma advertência e ao pagamento dos custos do processo, segundo o mesmo garantiu a O MIRANTE. Vítor Guia admite todos os factos, mas acrescenta que se limitou a responder às ofensas como qualquer “verdadeiro ribatejano”. Quando instado a reagir ao comunicado do presidente da autarquia, o presidente da junta afirma que o caso foi pessoal e não em exercício de um cargo, como alegadamente já terá acontecido com o presidente da autarquia da Golegã. O responsável pela junta da Azinhaga recorda dois casos: uma alegada tentativa de agressão de Veiga Maltez ao ex-presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras, e outro caso de alegada agressão ao ex-presidente da Junta do Pombalinho, Joaquim Mateiro. Por isso, Vítor Guia contesta o comunicado de Veiga Maltez. “Como politicamente o Sr. Presidente não conseguiu chegar ao presidente da junta…”. O MIRANTE procurou saber junto de Veiga Maltez o que o levou a emitir um esclarecimento à comunicação social sobre a condenação de Vítor Guia, uma vez que aparentemente não haveria razão para o fazer. No entanto, segundo o presidente da autarquia, a câmara já tinha sido contactada por alguns meios de comunicação social e “sabendo da anterior demissão do vereador, procurando travar qualquer especulação ou utilização indevida de palavras que não proferi ou vou proferir, volto a dizer: lamento, mas não comento”. Sobre os anteriores casos referidos por Vítor Guia, Veiga Maltez lembra que nunca chegaram a tribunal e que se houvesse qualquer problema não teria sido proposto como comendador da Ordem do Mérito Pedro Álvares Cabral por José Miguel Noras. O presidente do município da Golegã escusou-se a fazer mais comentários sobre o caso.