Emoção e lágrimas marcaram o início das comemorações do 49º aniversário do grupo folclórico “Os Camponeses” de Riachos, no sábado, 13 de Janeiro. A sala do auditório do Museu Agrícola foi pequena para acolher as dezenas de populares que ali marcaram presença para a homenagem a António Veríssimo, bailador de fandango, falecido a 1 de Agosto de 2006. Todas as palavras serviram para definir e recordar o homem que ainda menino deu os primeiros passos de dança no rancho dos Riachos e que logo terá mostrado ser um virtuoso na arte. Joaquim Santana, amigo de longa data, recorda “a improvisação dos seus passos suaves mas bem ritmados, em movimentos fora do vulgar, deixando sair dos seus pés arabescos rendilhados de grande efeito”. Conta vários momentos que marcaram a vida de António Veríssimo, como o do “namorisco com a Tina”, Maria Albertina Simões (presente na cerimónia de homenagem), também ela bailadora no rancho folclórico. Mais tarde haveriam de casar e ter dois filhos. Nesta altura, embarga-se a voz a Joaquim Santana, escapando-se-lhe as lágrimas dos olhos, não conseguindo prosseguir o discurso e emocionando a sala. Continua Célia Barroca, fadista e ex-bailadora do grupo, para contar os momentos de António Veríssimo que fizeram vibrar colegas e público e que o levaram a receber o Troféu da Casa da Imprensa, durante o espectáculo “A Grande Noite do Fado” no Coliseu dos Recreios, em 1992. Ou ainda a consagração atingida no espectáculo “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, com encenação de Ricardo Pais e direcção musical de Mário Laginha, que esteve em palco de 1997 a 1999.A despedida dos grandes festivais de folclore deu-se a 22 de Julho de 2006 em Mouriscas do Vouga (Águeda), onde já não conseguiu terminar o fandango que ensaiara. A última exibição aconteceu no dia seguinte no Salão da Casa do Povo de Riachos, na celebração do 6º aniversário do grupo “As Camponesas”. A doença de que padecia levou-o à morte poucos dias depois. A homenagem a António Veríssimo, conhecido bailador de fandango dos Riachos, marcou o princípio das comemorações de mais um aniversário de “Os Camponeses”, com diversos membros do grupo e amigos a dirigirem-lhe mensagens de despedida, definindo-o como o “poeta” da dança. No final, foi inaugurada uma exposição de fotografias sobre o fandanguista, numa das salas do Museu Agrícola dos Riachos, denominada “Tempo de Saudade”. Recados à câmaraDurante a cerimónia houve tempo ainda para lembrar algumas lutas do grupo “Os Camponeses”. Manuel Cardoso, presidente da junta de freguesia, anunciou o desejo de que a câmara ajude a criar um espaço para espectáculos culturais em Riachos. Já Joaquim Santana aproveitou para lamentar a ausência de um representante do município de Torres Novas. O convite terá sido enviado, mas nem obteve resposta. Apenas Carlos Tomé, vereador da CDU na autarquia, marcou presença nas cerimónias a título individual. No entanto, foi deixado o recado: o grupo de Riachos espera realizar “uma grande festa de aniversário” no próximo ano, como lhe terá sido prometido pela câmara municipal.