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Um recado para Sócrates

Este artigo podia ter sido encomendado1. Porque já passou uma eternidade depois das mudanças políticas em Santarém e, aparentemente, continua tudo na mesma. E é preciso falar do que cheira mal e não é o Alviela. Do que, em Santarém, é velho e salazarento e não são alguns dos antigos frequentadores do Café Central.Ando a lutar comigo mesmo há meses para não gastar tinta a falar dos políticos. E, em vez de me indignar com esta gente pobre que nos desgoverna, agarrar na caneta e escrever versos de amor à minha mulher e aos meus filhos.A verdade é que eu não vivo numa redoma de vidro. Estou aqui pela cidade todo o dia e, muitas vezes, boa parte da noite, a ver com os meus próprios olhos e a sentir com o coração apertado a pobreza e a miséria instalada.Depois da vitória política de Francisco Moita Flores confesso que comecei a dormir melhor. Sabia, juntamente com muitos outros munícipes e contribuintes, que não tínhamos que esperar pelas decisões dos tribunais para que a autarquia pagasse o que nos devia. E isso já aconteceu em grande parte. Depois da vitória de Moita Flores sabia que iam aparecer projectos revolucionários para esta cidade que prometem mudar o seu rosto de forma radical. Depois da chegada de Moita Flores ao poder autárquico escalabitano sabia que Santarém ia começar a ter uma visibilidade mediática, pela positiva, como nunca teve antes e depois do 25 de Abril.A mudança do rosto da cidade, de forma que se pareça com uma cidade do século XXI, ás portas de Lisboa, é um imperativo não é a tradução à letra de um hino partidário seja ele do PS ou do PSD.Nos últimos anos a autarquia escalabitana foi governada por gente politicamente incompetente, que geria com os suspensórios das calças numa mão para ficar com a outra livre para cometer os maiores disparates na relação com os munícipes, fossem eles agentes económicos, culturais ou simples e humildes cidadãos anónimos. Quem um dia escrever a história de Santarém perceberá melhor a pobreza de espírito das pessoas que nos governaram nos últimos anos. Saberá dar o devido valor àqueles que, como eu, insistem em destapar a panela que continua a esconder a caldeirada azeda que ainda alimenta os políticos do PS que perderam as eleições em Santarém.Por que a politica é uma disciplina da cultura, e eu considero-me um homem de cultura, não ficaria bem comigo mesmo se não fizesse justiça a alguns socialistas do concelho que me parecem pessoas de bons princípios e bons costumes. E porque a verdade tem que ser clara como a água não considero que, em matéria politica, os homens do PSD sejam melhores que os do PS. Há de tudo como na loja de ferragens. Mas a questão, aqui e agora, é outra.Santarém conseguiu eleger um presidente de câmara que deixou a sua vida universitária, a sua vida de escritor, de homem de cultura, de figura reconhecida a nível nacional, para dedicar o seu tempo e saber a esta cidade moribunda e endividada até ao último cêntimo.Com o PS igual ao que era dantes, deixando que os anteriores responsáveis pela queda do partido em Santarém façam uma oposição de política de terra queimada, boicotando tudo o que mexe à sua volta, com o PS igual ao que era dantes fazendo-se representar nessas votações e decisões pelos mesmos trastes e incompetentes políticos de há dois anos atrás, então não há outra conclusão a tirar: o Partido Socialista de José Sócrates não é o mesmo em todo o território nacional. E alguém com coragem dentro do partido tem que lhe deixar este recado por baixo da porta. Para que o Partido Socialista não perca a identidade na cidade das Portas do Sol. Na terra de José Niza, de Joaquim Veríssimo Serrão, de Mário Viegas, de Bernardo Santareno, de Salgueiro Maia e de tantos outros nomes ilustres da nossa história recente que continuam a ser referências fora de portas independentemente de quem governa os destinos do concelho. JAE1 Este artigo podia ter sido encomendado pelos empresários que ainda não conseguiram receber as dívidas da autarquia e correm o risco de perderem as suas empresas. Pelos munícipes que continuam a sentir-se enganados pelos socialistas que agora votam contra o que eles próprios defenderam no outro mandato. Pelos munícipes anónimos que exigem mudanças efectivas na relação da autarquia com as juntas de freguesia, com as colectividades, com os munícipes anónimos. E a lista podia ser mais extensa se não fosse a falta de espaço.

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