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Valeu a pena

À boa maneira americana, um tribunal dos Estados Unidos condenou uma companhia aérea a pagar uma indemnização fabulosa a um compatriota nosso. John Cerqueira foi impedido de seguir viagem no avião em cuja cabine já tinha entrado, por haver a suspeita completamente infundada de que ele poderia ser terrorista. Agora, o juiz fixou a compensação em mais de trezentos mil dólares.Imagino que a maior parte de nós que lemos a notícia, ficámos satisfeitos por ele e pensamos que o negócio não foi mau.Quando se perde um olho ou se fica numa cadeira de rodas, não há quantia nenhuma que compense o sofrimento.Mas, neste caso, por muito que o português tenha sido incomodado, por muito desagradável que tenha sido não fazer a viagem como planeado, somos forçados a pensar que para ganhar aquela soma, ele teria de trabalhar durante anos e dar muito do seu tempo.Contaram-me um caso de um compatriota luso, que deu uma golpada algo semelhante.Ele esteve na Tailândia e dirigia-se para os Estados Unidos. Em terras de Sião, adquiriu uma jarra, com uma estreita boca. O seu custo não foi elevado, embora fosse relativamente evidente que não se tratava de uma peça muito recente. Era algo velha, mas não constituía valiosa antiguidade.Com facilidade, obteve um recibo concernente à jarra, mas do qual constava um preço muito mais elevado do que ele pagara, na verdade.Antes de embarcar com destino à América, ainda se dirigiu a uma cabine telefónica.Chegado ao seu destino e depois de exibir o passaporte, restava-lhe passar pela alfândega, tendo optado pela área de quem nada tem a declarar.Foi mandado parar pelo agente da autoridade.Tal não constitui surpresa para ele. Já tinha havido uma denúncia anónima, relatando que aquele passageiro transportaria droga.O autor da denúncia era ele próprio. Quando recorreu à cabine telefónica, fez uma chamada internacional e forneceu o seu próprio nome, dizendo tratar-se de um correio de droga.Escusado será dizer que, na realidade, ele não transportava um grama que fosse de estupefacientes.Por isso, o trabalho dos agentes alfandegários não se mostrava facilitado.Suspeitaram da jarra e decidiram quebrá-la, em busca da droga.Imagine agora o leitor para que serviu o tal recibo cuidadosamente conservado. Foi fácil realizar o cálculo da indemnização a pagar ao infeliz viajante, injustamente suspeito de ser traficante.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)

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