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“O futebol é para pessoas inteligentes”

“O futebol é para pessoas inteligentes”

Vítor Romero, treinador dos juniores do União de Tomar, defende que a psicologia do treino e mais trabalhada nos jovens
A formação júnior de futebol do União de Tomar está em sexto lugar mas mantém a esperança de passar à segunda fase do campeonato. Após um jogo bastante equilibrado e faltoso disputado frente ao Monsanto, em que os nabantinos impuseram a primeira derrota aos líderes da série, O MIRANTE quis conhecer um pouco o técnico da equipa da casa.As indicações que atira para dentro de campo chamam a atenção. Apesar de estar há 21 anos em Portugal, o leve sotaque espanhol denuncia as origens chilenas. Com uma vasta carreira como jogador e oito anos de treinador, Vítor Romero é, aos 39 anos, o mister dos juniores do União de Tomar. É apologista do uso da psicologia desportiva, aplicada à personalidade de cada jogador. Impõe regras e não aceita intromissões no seu trabalho: “O treinador sou eu”. Já comandou seniores mas é com os juniores que se sente mais motivado.Porquê treinar juniores?O desafio é muito maior. A psicologia do treino tem que ser muito mais trabalhada. São jovens em formação, é preciso conhecê-los bem individualmente para saber antever as suas reacções no jogo. Temos que nos lembrar que já tivemos aquela idade e fazê-los perceber que o futebol é um mundo cão. Eu entendo que eles se deslumbrem um pouco, mas há que ter os pés bem assentes na terra. Incentiva os seus atletas a serem bons alunos?Sim, eles têm que estudar. Eu digo-lhes que um jogador de futebol tem de ser inteligente, pelas mais variadas razões. Ao contrário do que muita gente pensa, o futebol é para gente inteligente. E é possível conciliar as coisas. Assim como também é possível conciliar com a diversão e experiências que lhes são próprias nestas idades. Basta encontrar um equilíbrio.Tem jogadores que podem chegar a uma equipa de topo?Eu ainda não os considero jogadores de futebol. Jogadores de futebol são pessoas com carreiras feitas, como o Figo e o Rui Costa. O meu papel é fazê-los perceber que o futebol não é um mar de rosas, que depende muito de um “clic”, um momento de sorte, para se poder dar o tal salto ou não. Mas tenho atletas que com esforço e sacrifício podem chegar a clubes de topo.Costuma ter problemas com os pais de alguns jogadores menos utilizados?Não. Eu deixo bem claro que o treinador sou eu. Eu faço as escolhas. È natural quererem que os filhos joguem, mas há que fazer opções. No escalão das escolas, aí sim, temos que ensinar futebol, todos têm de participar. Nos juniores começa a ser mais competitivo, só quem trabalha e se esforça pode ter lugar.Aposta-se o suficiente nas camadas jovens?O União de Tomar tem vindo a mudar a política desportiva. E é muito importante o clube apostar nos jovens. Temos um óptimo campo, as condições são boas e a prova é que temos cerca de 200 miúdos. É do conhecimento geral que deve apostar-se na formação, na juventude. Mas é essencial saber o que é realmente futebol de formação. Há que saber adoptar um diferente método de trabalho para cada escalão.Tem as condições que precisa para fazer um bom trabalho?O União de Tomar está a trabalhar muito bem, falta muita coisa, mas temos evoluído bastante. Caminhamos também a passos largos para ter um excelente escalão de juvenis. E é preciso ver que os clubes não têm capacidade financeira para fazer milagres. As taxas de jogo são muito altas, as multas também, as inscrições são coisas diabólicas e ainda por cima começar a pagar ordenados é muito complicado. Faço aquilo que gosto e a nível de resultados tem sido bom, ultimamente temos tido algumas condicionantes disciplinares que nos fizeram cair um pouco.Aceitaria o desafio de treinar uma equipa da primeira liga?Como jogador o meu objectivo sempre foi ingressar numa equipa de topo, mas nunca tive o tal “clic” da sorte. Por incrível que pareça nem gosto muito de assistir a jogos de futebol. Sofro mesmo é pela selecção portuguesa.
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