ETAR de Alcanena precisa de investimento para não poluir Alviela
Os milhões de euros gastos ao longo dos anos na recuperação do Rio Alviela estão a ir literalmente por água abaixo à medida que a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena vai acumulando problemas e efectuando descargas para o curso de água que atravessa os concelhos de Alcanena e de Santarém. A empresa que explora o equipamento diz que são necessários investimentos avultados para pôr cobro à poluição. A junção da ribeira dos Carvalhos com o rio Alviela, poucos quilómetros depois da nascente dos Olhos D’Água, é o local indicado para perceber o problema. De um lado a água limpa vinda da nascente, do outro a água vinda da ETAR, de cor preta e espuma abundante.“Estamos a recuar 30 anos”, queixa-se o presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros, Firmino Oliveira (CDU), durante uma visita ao rio no dia 7. O autarca e a delegação de “Os Verdes” não hesitam em culpar o deficiente funcionamento da ETAR de Alcanena como a grande fonte poluidora. O deputado de “Os Verdes” Francisco Madeira Lopes diz que é indispensável que o Governo actue perante o deficiente tratamento de efluentes e consequente poluição do meio hídrico, e lembrou os requerimentos dos Verdes da Assembleia da República sobre este propósito. A visita contou com a presença de técnicos da empresa Lena Ambiente, que actualmente é responsável pela gestão da ETAR de Alcanena. Os técnicos admitem que após a construção da estação nunca mais foram efectuados investimentos de vulto, o que contraria todas as recomendações. “Este tipo de instalações tem de estar em constante actualização”, afirma Nelson Lebre. Segundo foi dito, os problemas começam nas empresas de curtumes, que deveriam investir em tecnologias menos poluentes. Passam pela rede de colectores que está cheia de fissuras e permite a infiltração de água que aumenta os caudais que chegam à ETAR em dias de chuva. Ainda de acordo com os técnicos, a ETAR foi concebida em leito de cheia, o que já provocou inundações e prejuízos elevados em vários equipamentos eléctricos. Para se ter uma ideia aproximada da dimensão do problema, refira-se que a ETAR de Alcanena produz num dia a mesma quantidade de lamas que a cidade de Abrantes produz num mês inteiro. Oitenta por cento do caudal tratado provém das indústrias do concelho mas esse caudal representa 95 por cento da carga orgânica que recebe tratamento.
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