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Uma história de Natal que dá para rir e chorar

Vou contar-vos uma história hilariante sobre o funcionamento de alguns serviços deste País que nos levam couro e cabelo por tudo e por nada, mas que não têm um pingo de decência e de respeito para com aqueles que os fazem (sobre)viver (os otários pagadores, ou seja, nós).Dia 22 de Dezembro, última sexta-feira antes do Natal, pelas 19 horas, descia eu, a minha mulher, e os meus três filhos no banco de trás do carro, a Rua António Lúcio Batista, em Vila Franca de Xira, preparando-me para virar à direita e entrar na Rua Miguel Bombarda, quando na faixa do meio, também descendente, se atravessa à minha frente naquele entroncamento que não lembra ao “diabo”, quase em frente aos Quartel dos Bombeiros, uma camioneta do SMAS de VFX, que arranca literalmente e com enorme estrondo o espelho retrovisor exterior do meu lado (o lado do condutor).Acredito que pelo barulho da enorme viatura e até mesmo pela quantidade de ruído ambiente em plena hora de ponta o condutor da camioneta do SMAS nada tenha ouvido, muito menos reparado que tenha batido no meu carro, provocando um tremendo susto em dois adultos e três crianças que nele seguiam. Notando isso mesmo e rapidamente refeito do susto, segui no seu rasto tendo conseguido bloquear a sua marcha pouco antes do acesso para a Ponte Marechal Carmona. Como não nos entendemos logo nas primeiras trocas de impressões, pois o condutor da camioneta do SMAS, que só mais tarde foi identificado pela polícia como sr.Dionísio, ficou como que atordoado sem saber lá muito bem do que é que eu lhe estava a falar. Resolvi de imediato chamar as autoridades ao local, que pouco tempo depois tomaram conta da ocorrência, e lá seguimos viagem, cada um no seu caminho. Eu mais leve, claro, porque levava um espelho a menos.Bom, Natal passado, resolvi dar conta do ocorrido, mas foi-me dito pela própria PSP de VFX que o “auto do acidente” já tinha seguido para o SMAS. Fiquei então a saber que o SMAS quando a despesa é pouca não gosta de pôr a companhia de seguros ao barulho para assim não aumentar o prémio, preferindo nessas ocasiões passar um cheque directo ao dono das viatura sinistrada. Muito bem, se o sistema funciona assim, quem sou eu para o contrariar, pensei, esperando que as coisas se resolvessem rapidamente. Fui, inclusivamente, à marca do meu carro pedir um orçamento de um espelho que entreguei no SMAS.Mas o tempo passou, o primeiro mês de 2007 chegou ao fim e nada. Resolvi telefonar. Foi então que me disseram que a senhora directora daquele serviço camarário tinha ouvido a versão do sr.Dionísio (o motorista) e que não tinha fundamento efectuar o pagamento de algo que a camioneta do SMAS não tinha partido. Hilariante.Voltei a preencher novo processo de sinistro, pedi novo orçamento, busquei novo auto de participação na PSP, e informei a companhia de seguros da viatura do SMAS da ocorrência, que de imediato abriu um processo para análise da situação. E eis então que alguns dias depois me chega uma carta da companhia de seguros a casa dizendo que por falta de provas suficientes o meu pedido de pagamento do espelho retrovisor havia sido recusado. Hilariante, outra vez. Como já não aguentava mais de tanto riso, resolvi ser solidário e partilhar esta história com as outras pessoas, para que elas possam rir também.Nem sei bem porque não fizeram queixa de mim pela mossa que terei deixado no guarda-lamas da camioneta envolvida na ocorrência. Hilariante, mais uma vez. É um bocadinho de Portugal apenas o que é retratado nesta história. E ainda ando sem espelho. Já lá vão dois meses. E na realidade só me apetece é chorar.João Pedro Martins

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