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Personalidades do Ano dão lição de humildade na cerimónia de entrega dos prémios

Personalidades do Ano dão lição de humildade na cerimónia de entrega dos prémios

Festa da generosidade, da amizade e dos afectos enche Centro Cultural do Cartaxo

A ginasta Ana Rente dedicou o prémio aos atletas que nunca vencem. A ternura de Cristina Branco encheu a sala quando se referiu ao filho. Veríssimo Serrão falou do modo como a amizade nos livra do medo da morte.

“Se a morte vier, já não tenho tanto medo dela. Esta foi uma noite para me encontrar comigo próprio, com os meus amigos, com aqueles que amo. Hoje sou um homem feliz”. As palavras de Joaquim Veríssimo Serrão, distinguido com o prémio vida pelo Jornal O MIRANTE, encerraram em apoteose a segunda edição da cerimónia de entrega dos prémios que decorreu no Centro Cultural Município do Cartaxo na noite de quinta-feira. O público que encheu a sala de espectáculos, para a atribuição dos prémios personalidades do ano 2006, aplaudiu de pé a consagração do académico e historiador de 81 anos, natural de Santarém. O historiador agradeceu o prémio confessando-se surpreso pela homenagem. “Quando estou sozinho nem acredito que tenho esta idade. Escrevo, leio, deito-me às dez da noite e acordo às seis da manhã. Tenho os hábitos antigos. Muito embora algumas partes da minha biografia não sejam exactas… Disseram que em França conheci umas mulheres… Em França estudei! Mesmo que tenha pecados na minha vida quem os não tem…”, referiu num momento de boa disposição fazendo soltar risos em toda a plateia. O historiador confessou as origens modestas da família, o percurso como estudante e deixou conselhos ao público. “O homem por mais sorte que tenha na vida, por mais feitos que alcance ou aulas que dê nunca deve perder a sua humildade. Nascemos iguais, morremos iguais. O que nós temos é esperança de que a morte venha a transformar-se para nós num sentimento de eternidade: não morrer e deixar exemplo da seriedade que tivemos ao longo da vida”, disse o professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que está a escrever as suas memórias. O professor nascido em 1925 em Santarém elogiou o director-geral de O MIRANTE. “Leio O MIRANTE todas as semanas quando me chega a casa e fico admirado. Como é que este senhor Joaquim António Emídio vem da sua Chamusca faz um jornal, transforma-o num semanário regional, mas depois vai-lhe dando impulso e cria actividade editorial. Sei que muitos o lêem em França e no Brasil. Esperam ansiosamente a chegada do jornal. Este homem - que transformou um jornal regional num jornal de dimensão nacional - é um homem amável e honesto que sonha para criar realidades”. Veríssimo Serrão aproveitou o discurso para louvar o trabalho dos autarcas da região e espantar-se pelo desenvolvimento que há 50 anos pareceria tão longínquo. Desculpou-se pela longa aula de história e da vida e comparou-se à velha nau catrineta que muito tem para contar. Com o objectivo de amainar os homens. “Estar hoje aqui na presença de pessoas tão amigas é um dia ganho. Posso morrer de um dia para o outro”, rematou o historiador distinguido com o prémio Príncipe das Astúrias em 1995, o primeiro português a receber esse galardão. Para o músico José Niza, prémio cultura masculino, ser premiado não é novidade, mas quando o reconhecimento vem da região a que dedicou parte da sua vida o sabor é diferente. “Já fui distinguido com vários prémios a nível nacional, mas gostamos de ganhar em casa. Ser objecto de um reconhecimento no Ribatejo é muito valioso. É sinal que vale a pena continuar”, disse ao nosso jornal o autor da canção “E Depois do Adeus”, interpretada por Paulo de Carvalho, uma das senhas da revolução do 25 de Abril de 1974. O médico licenciado em psiquiatria em Coimbra, nascido em 1938, protagonizou um dos momentos mais fortes de humor ao desculpar-se pelo pequeno vídeo produzido em sua casa, em Perofilho, arredores de Santarém, enquanto fumava e tratava da horta biológica. “Este filme parece uma propaganda à tabaqueira”, disse o ex-deputado da assembleia constituinte e ex-presidente da Assembleia Municipal de Santarém. “A amabilidade que tiveram para comigo só a posso explicar pela amizade que já tenho há muitos anos, embora quando estivesse na política tenha tido algumas fricções”, disse o político que considera que O MIRANTE é “neste momento é o jornal português não só com mais tiragem, mas com mais qualidade”. A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, distinguida como a mulher que mais se destacou na política, mostrou-se igualmente surpreendida pela escolha. “Esta distinção gostaria de a dedicar a todos os autarcas do meu país. Que apesar de toda a sua generosidade e toda a sua dedicação nem sempre são compreendidos e muitas vezes andam nas páginas da comunicação social por razões que gostaria de ver tratadas de outra maneira”, afirmou a ex-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa que dedicou o prémio à equipa. “A dedicatória distingue os que comigo no dia a dia fazem o concelho de Vila Franca de Xira eleitos pelo Partido Socialista. Nada se faz sozinho. Ser autarca não é uma profissão. É uma missão que exige muito de nós. Exige que entre aqueles que constituem uma equipa exista amizade e um espírito de grupo que nos ajude a ultrapassar as dificuldades”. Maria Luz Rosinha garante que vai colocar o prémio num local nobre da sua residência para lhe lembrar a responsabilidade que tem nos ombros. “Para não esmorecer, fazer melhor e tentar ganhar novos prémios”, garante.
Personalidades do Ano dão lição de humildade na cerimónia de entrega dos prémios

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