Viciado em leitura e fã de rock and roll
Continua a viver no Cartaxo. O apego às raízes foi mais forte?Acho importante manter essa ligação às raízes. Vivo onde viveram os meus avós paternos e mantenho uma ligação ao mundo rural. Os meus filhos também fizeram lá a escola. E enquanto achar que não há razões para mudar…Considera-se uma pessoa do campo?A ligação à terra e às raízes familiares são importantes. Não vejo essa ligação ao campo como algo menor. Para mim é tão importante para compor a minha personalidade como são as experiências que tenho tido a nível internacional. Nasceu numa família de agricultores. Ajudava na lavoura?Fiz isso muitas vezes com regularidade até ir para a faculdade. Aprendi a fazer todos os trabalhos do campo. Os meus filhos estão imbuídos do mesmo espírito, participam na vindima. Acho que é importante habituarem-se aos valores do esforço, da dedicação, da disciplina, do trabalho.Alguma vez pensou em viver da agricultura?Pensar, pensei. Mas depois tudo se foi encaminhando para que a minha actividade fosse outra. Acabei por ser na minha família mais directa uma pessoa que se afastou da actividade principal dos pais e dos avós. E dificilmente serei um agricultor a sério.Foi secretário de Estado da Cultura. É uma pessoa interessada no fenómeno cultural?Sempre fui. Gosto imenso de arte, de leitura.É coleccionador de arte?Sou coleccionador de livros. Tenho esse gosto muito forte desde criança. Fui comprando desde os meus 12 anos. Era um aluno “marrão” ou só estudava na véspera dos testes?Fui sempre um aluno muito equilibrado, bom na primária, razoável no secundário e depois, para o padrão da Faculdade de Direito, fui um bom aluno. Confesso que me empenhei muito e gostei muito do curso. Tinha tempo para ter as suas namoradas?Tinha uma vida normal. Temos sempre de equilibrar as coisas: viver a adolescência e ao mesmo tempo, com razoabilidade, sentir também a responsabilidade de ter boas notas. Nunca chumbei a nada.Vai celebrar o Dia de São Valentim que hoje se assinala (14 de Fevereiro data da entrevista)?É sempre importante fazermos com que todos os dias sejam interessantes e em que haja bom relacionamento entre as pessoas. E particularmente entre aquelas de quem se gosta.Qual é o seu maior medo?Não tenho grandes fobias. Tenho uma preocupação grande com o que possa acontecer a quem está mais próximo, nomeadamente aos meus filhos. Penso que é natural, já que sentimos que os filhos são de algum modo os nossos continuadores. E qual o seu maior vício?É ler. Tenho um grande vício pela leitura e às vezes fico desesperado por não ter mais tempo para ler. Não consigo viajar sem levar livros, que até posso nem ter tempo para ler. Para qualquer lado que vá os livros acompanham-me sempre, seja ensaios, poesia, romances. Sou também um leitor compulsivo de jornais e revistas.Um livro que o tenha marcado?Li várias vezes “A Sociedade aberta e os seus inimigos”, de Karl Popper, que constitui uma referência do ponto de vista ético e político Em termos de ficção gostei muito de “A jóia de família” de Agustina Bessa-Luís. Mas há muitos outros…Tem um filme da sua vida?Há vários. Mas há um que gosto particularmente: “As Pontes de Madison County”, do Clint Eastwood, que é um realizador excepcional. E esse filme tem uma actriz de que gosto muito, a Meryl Streep.E em relação à música?Gosto de tudo um pouco. Os meus filhos agora também me introduzem nos novos sons. Mas sou particularmente fã de um período dos anos 70 e 80 que me marcou bastante. O rock and roll continua a ser uma referência para mim. Gosto de Queen, The Who, Rolling Stones, Deep Purple, coisas que ainda hoje ouço com gosto. E alguns deles ainda andam por aí... Tive os discos deles em vinil e agora tenho em CD. A sua filha, que tem 14 anos, pede-lhe alguns conselhos a esse nível?Ela sabe escolher. Só pede que eu compro.É também uma forma de compensar pelo tempo que lhes rouba?É verdade. Gosta do James Blunt, da Pink, dessas coisas. E o meu filho também já gosta de Linkin Park, de Limp Biskit, dos Red Hot Chilli Peppers...Pratica desporto?Gostava de praticar mais. Mas de vez em quando faço a minha corrida, também jogo ténis quando tenho oportunidade.
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