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E viva a folia!

Gosto do Carnaval. Mas do Carnaval à portuguesa. Daquele Carnaval que no meu tempo se chamava Entrudo. Do Carnaval que satirizava, ridicularizava. Do Carnaval que aproveitava para zombar para libertar. Um dia destes ouvi na televisão uma entrevista com a mulher do José Saramago, Pilar del Rio, uma senhora inteligente e com grande sentido de humor. Dizia ela que não gostava da preservação das tradições. E explicava porquê. Para ela nada é estático. Se hoje há batedeiras eléctricas para se bater a massa dos bolos porque é que se há-de bater a massa à força de braços com uma colher de pau. Convoco aqui essa ideia para dizer que a partilho. O Carnaval, o Entrudo, não tem que ser tal qual era antigamente. Não tem que meter ovos podres e penicos de urina atirados à cabeça de quem passa, mas pode ser português e moderno sem ser desvirtuado. Gosto de ver as escolas de samba, não digo que não. Mas gosto de vê-las no sambódromo, no Rio de Janeiro. Fico fascinado com as máscaras do Carnaval de Veneza, pois fico. Mas o local certo delas é Veneza. Pelo que tenho visto alguns Carnavais portugueses estão a tornar-se portugueses outra vez. Espero que o movimento continue e que consigamos ter um Carnaval muito próprio que reflicta aquilo que nós somos enquanto povo. Enquanto cultura. E viva a folia!Joaquim Cândido

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