Passagem subiu em altura mas manteve o traçado anterior, pondo em risco a circulação automóvel
Automobilistas contestam viaduto sobre a auto-estrada do norte na zona de Alcanena
O desnível acentuado torna perigosa a travessia e pode causar danos nas viaturas. A empresa que construiu a estrutura garante que cumpriu o projecto.
“Quando isto abrir ao trânsito vou ter de certeza mais trabalho”, ironiza Aníbal Correia Fonseca, mecânico de automóveis com oficina aberta em Casais Romeiros (Alcanena), mesmo junto à nova passagem que a Brisa está a construir sobre a auto-estrada do Norte (A1). A afirmação do morador deve-se exactamente à travessia e aos perigos que ela acarreta para os automobilistas que ali irão circular.A perigosidade da travessia – que liga Parceiros de São João (concelho de Torres Novas) a Casais Romeiros (Alcanena) - deve-se ao facto de ter uma inclinação acentuada, mais notória na descida para Casais Romeiros. Executada no mesmo local da antiga passagem superior, a actual tem uma altura superior em 1,5 metros relativamente à anteriormente existente, fazendo um desnível considerável em relação à estrada.Na semana passada O MIRANTE pôde testemunhar o perigo da travessia. Apesar de conduzir devagar, o condutor de um Renault Clio (pertencente à obra) não conseguiu impedir que a parte da frente do veículo batesse na estrada quando acabou de descer o viaduto, do lado de Casais Romeiros. “Agora imagine quem não conhece o traçado e atravessa a 70 ou 80 quilómetros à hora”, diz Fernando Marques, residente em Parceiros de São João, que já questionou o encarregado da obra sobre o assunto. “Disse-me que só tinha feito o que estava em projecto”.O nosso jornal tentou contactá-lo mas naquele dia o encarregado não estava junto dos homens que andavam a ultimar o asfaltamento da travessia. Fonte da Tecnovia, que faz parte do consórcio que ganhou o concurso, confirmou a O MIRANTE que a obra não sofreu qualquer alteração de projecto. “Mesmo que consideremos que a obra poderia ser feita de outra forma não nos compete a nós alterá-la, mas sim cumprir o estabelecido pelo dono da obra”. Os moradores das duas localidades estão preocupados com a situação e temem pela segurança dos automobilistas. Dizem que de início tinham sido informados de que o acesso ao viaduto seria iniciado, de cada lado, 50 metros mais atrás, onde ainda se encontram as estacas de marcação pintadas a azul, e não no mesmo local da anterior travessia. “Não é preciso ser um entendido na matéria para perceber que, se a ponte é mais alta e começa no mesmo local que a anterior o desnível em relação à estrada será sempre maior”, diz Fernando Marques. Para o habitante tudo se resume a uma questão financeira. “A Brisa quis cortar nos custos e desistiu de suavizar o traçado, mesmo percebendo que a sua decisão pode vir a ter consequências graves”. O MIRANTE falou também com o presidente da Câmara de Alcanena mas Luís Azevedo afirmou ter sido “apanhado desprevenido” com esta questão, por não passar ali há algum tempo. Afirmou todavia que iria deslocar-se ao local e, se fosse o caso, pediria esclarecimentos à Brisa, responsável pelo alargamento da A1 e pelas mais de 70 obras de arte sobre a via. Esclarecimentos que, no caso de O MIRANTE, ficaram por dar até ao fecho desta edição.
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