Axiomático Manuel Serra d’Aire
Se houve coisa boa que ficou no nosso país dos tempos loucos do pós-25 de Abril e da guerra fria foram os concelhos livres de armas nucleares. Concelho que se prezasse ostentava logo à entrada, para passante ver, que estávamos a entrar numa zona livre de armas nucleares (ZLAN). Aquilo era uma espécie de redundância folclórica, porque Portugal era todo ele livre de armas nucleares - tomara nós um submarino em condições e meia dúzia de G3… Mas dava um sinal de que estávamos perante gente pacífica e pouco dada a bombardeamentos.Entretanto caiu o muro de Berlim, foram-se as zonas livres de armas nucleares mas mesmo assim continuámos sem as ditas armas. O que prova que o movimento ZLAN não fazia falta nenhuma. Mas eis que agora aparecem uns sucedâneos: os concelhos livres de produtos transgénicos. Salvaterra de Magos e Rio Maior são os mais recentes aderentes ao clube. Infelizmente para o povo, ainda não surgiram os concelhos livres de idiotia e parvoíce. Nem os municípios livres de autarcas megalómanos, autistas, broncos e afins… Haja fé: por este andar havemos de lá chegar.É no empenho e arrojo colocado na defesa de causas nobres que se vêem os grandes homens e os grandes políticos. Um dirigente do CDS de Arcos de Valdevez decidiu fazer greve de fome em protesto contra o fecho das urgências no seu concelho. Por cá nada se viu nem ouviu. A única coisa que a distrital de Santarém do CDS se limitou a fazer foi a enviar essa informação para as redacções. No mínimo esperava-se que o presidente da distrital Herculano Gonçalves pegasse no exemplo e anunciasse também ele uma greve de fome por causa da perda de valências nas urgências dos hospitais de Tomar e Torres Novas.Ora aí está uma causa em que o abnegado político de Alcanena podia sobressair mandando às malvas as conspirações e confusões internas. Este era o momento ideal. A sua hora H. Estamos em plena Quaresma. E sendo Herculano Gonçalves dirigente de um partido que gosta de se afirmar como democrata-cristão presumo que já se encontra em semi-jejum. Era só fazer mais um pequeno esforço e estava a greve de fome feita. Além disso perdia uns quilitos e ganhava peso político e a admiração deste humilde escriba. O que não é pouco! Há políticos que não aprendem a aproveitar as oportunidades…E por falar em políticos quero destacar aqui também o contributo que as guerras intestinas no PS de Almeirim têm contribuído para a restauração local neste tempo de vacas magras (embora haja umas mais magras que outras). Geralmente das lutas intestinas só sai merda. E mais uma vez confirmou-se essa situação. Fazer um jantar de desagravo a um presidente de câmara só porque um seu camarada diz que não o vai apoiar se ele se recandidatar parece-me de mais. É tipo birras de cachopos. Meus senhores, há que ter noção do valor das coisas. Que os autarcas e deputados socialistas se tivessem reunido para tomar uma bica de desagravo com Sousa Gomes num café de Almeirim ainda entendia. Agora um jantar de desagravo? Alguém tem de começar a regular este sector e arranjar uma escala para isto, senão a coisa banaliza-se e algum dia não se faz mais nada. Um repasto desses, na minha humilde opinião, só deve justificar-se se, no mínimo, já tiver havido pelo meio chapadas, murros e pontapés. Não achas Manel?E com esta interrogação pertinente me vou. Saudações gastronómicas do Serafim das Neves
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