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São todos iguais

O abandono das sessões das assembleias municipais pelos partidos da oposição está a fazer escola na região. As últimas situações ocorreram na Chamusca e no Cartaxo, na semana passada. Na Chamusca, a bancada socialista não quer que o presidente da câmara continue com os leilões de material da autarquia que já não tem préstimo e saiu da sala quando se chegou a esse ponto da ordem de trabalhos. No Cartaxo, CDU, Bloco de Esquerda e PSD envolveram-se num estranho conluio para deixar a assembleia sem quórum, em protesto por não ter sido prolongado o período de antes da ordem do dia para além dos 60 minutos estabelecidos. Pode parecer estranho mas essas foram mesmo as razões invocadas para os abandonos dos plenários por parte dos eleitos dessas forças políticas. Que se saiba não houve abusos de poder por parte de quem tem a maioria – CDU na Chamusca, PS no Cartaxo. Nem tão pouco decisões ou posições ilegais face ao regimento das respectivas assembleias nem outros motivos que justificassem essas decisões radicais. Este tipo de reacção só se pode compreender com a necessidade de criar factos políticos, que podem dar manchetes nos jornais e alimentar alguns egos mas não vão além disso.Mas convinha que alguns iluminados parassem um pouco para meditar sobre as estratégias que utilizam nos seus jogos de poder. E que discorressem que este tipo de posições é a negação da democracia que lhes dá a condição de eleitos. Porque abandonar uma assembleia municipal – a casa da democracia por excelência em cada concelho – é fugir ao confronto de ideias e ao debate político com regras. Mesmo que não se goste de ter um presidente da câmara “leiloeiro” ou um presidente da assembleia municipal intransigente com os horários. Quem recebe um mandato do povo do seu concelho para o representar nesse fórum não deve esquecer-se disso logo após o juramento da tomada de posse, nem mandar essa responsabilidade às malvas em detrimento dos sempre inconfessáveis interesses politico-partidários.Uma última nota para sublinhar também o facto de estas manobras políticas não terem exclusividade partidária. Os quatro maiores partidos a nível autárquico na região – PS, PSD, CDU e BE – estão todos metidos no mesmo saco e a contribuir para o descrédito da política. Quando a voz popular diz que os políticos são todos iguais há com certeza um manifesto exagero. Mas nestes casos, convenhamos, acerta em cheio.

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