Crise financeira na Cooperativa Mouchão do Inglês em Alpiarça
Atrasos nos pagamentos de ajudas pelo Estado atrofiam funcionamento da organização agrícola
Cooperativa tem ordenados em atraso e dificuldades em pagar a fornecedores.
A Cooperativa Agrícola Mouchão do Inglês (CAMI), em Alpiarça, está a atravessar uma crise financeira em parte devido aos atrasos nos pagamentos das ajudas no âmbito do Regime de Pagamento Único. O presidente da cooperativa, Valter Pereira, numa visita recente de deputados do PCP às instalações, referiu que ao todo o Estado deve 138 mil euros de apoios referentes a produções de 2006 que geralmente são pagas até final do ano a que respeitam os subsídios. Neste momento a CAMI já tem em atraso dois meses de salários aos 19 funcionários, dos quais 16 são cooperantes. Além de ainda não ter liquidado os subsídios de férias e de Natal do ano passado.Valter Pereira garante que a cooperativa está também com dificuldades em pagar aos fornecedores e que nesta altura precisa de verbas para iniciar as campanhas agrícolas. “Estávamos a fazer conta com dinheiro dos apoios para pagar os custos que vamos tendo com os produtos das novas culturas”, sublinha, acrescentando que a situação da CAMI começou a complicar-se nos últimos três anos com os sucessivos aumentos dos factores de produção (combustíveis, electricidade, tratamentos fitossanitários). A situação da cooperativa já motivou a apresentação de um requerimento na Assembleia da República por parte do deputado comunista Agostinho Lopes. O parlamentar quer saber quando serão pagas as ajudas e quais as razões que explicam este atraso. Agostinho Lopes, no texto do requerimento, refere que “a situação é estranha, mesmo no quadro das enormes dívidas do Ministério da Agricultura respeitantes a contrapartidas públicas de projectos apresentados por agricultores e associações agrícolas ao abrigo de programas comunitários e nacionais”. O Regime de Pagamento Único (RPU) é um regime de apoio aos agricultores que tem por principio o desligamento total ou parcial da produção, substituindo os apoios directos concedidos ao abrigo de vários regimes. A cooperativa existe desde 1975 e tem actualmente 33 associados, explora uma área de 420 hectares no concelho de Alpiarça, produzindo essencialmente tomates, beterraba, milho, hortícolas para a indústria e vinho. O Ministério da Agricultura justifica que as ajudas não foram pagas porque a cooperativa foi sujeita a uma acção de controlo, anunciando que o montante será pago no “próximo período de pagamento que se prevê vir a ter lugar no final de Março”.
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