Semear para colher mais tarde
Há cerca de um mês participei numa reunião entre amigos para discutirmos o futuro da Palha Blanco. Foi a terceira vez que num curto espaço de tempo ajudei a levantar questões que se prendem com o futuro da praça e da festa brava em Vila Franca de Xira.Como sou dos que ainda acreditam na força do associativismo aceito sempre com um sorriso o convite para o debate. E desta vez não foi diferente. Falei pouco mas conheci gente interessante. E ouvi falar muito das actividades taurinas das décadas de sessenta e setenta quando a festa tinha outro fulgor e a câmara municipal não precisava de se meter pelo meio para compensar a falta de interesse das pessoas da comunidade, assim como o empenho dos empresários e das associações que, nessa altura, faziam a festa, atiravam os foguetes e ainda iam apanhar as canas. E a verdade é que já nesse tempo nem tudo era um mar de rosas.Fernando Palha contou uma história que é exemplar: Nos anos que já lá vão um conhecido ganadeiro da região conseguiu iludir meio mundo, entre os quais ele se incluía, e vendeu um toiro cego para uma das corridas mais importantes da temporada. Quem fez isto há quarenta anos não podia ser uma pessoa inteligente. Muito menos deve ter ficado na história. Provavelmente, hoje, se o seu nome fosse divulgado toda a gente diria: olha que sacaninha! Os verdadeiros sacanas não têm emenda. Até na hora de abrirem a boca para comer pensam no dinheiro que gastaram com a comida. Esta conversa veio toda ao correr do teclado do computador a propósito da nossa participação nas conversas à volta da praça de toiros Palha Blanco. Como o tempo não volta para trás e a Palha Blanco é muito bonita por fora mas por dentro é um recinto de espectáculos condenado ao fracasso, deixo aqui uma sugestão ao digníssimo Provedor e por extenso a toda a Mesa da Santa Casa: Esqueçam durante uns anos a pequena receita do aluguer da praça e promovam um investimento privado, ou municipal, que dê outra dignidade ao monumento. Vila Franca de Xira agradece ( e merece) e, como diz o povo, quem semeia mais tarde ou mais cedo acaba por colher.
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