O número de doentes com problemas cardiovasculares detectados no Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), consultados e depois submetidos a cirurgia na unidade de Santa Cruz, em Lisboa, tem aumentado durante os dois últimos anos. Uma situação que deriva da parceria estabelecida entre as duas instituições (que teve início em 1999 com a abertura de consultas para doentes do CHMT no Hospital de Santa Cruz). No âmbito do acordo, foram atendidos 269 doentes em 2005, um ano depois o número subiu para 365 e nos dois primeiros meses de 2007 já foram consultados 86 doentes. Com uma média etária de 67 anos, a maioria dos utentes com problemas cardiovasculares sofre de excesso de peso e alguns são mesmo rejeitados noutros centros hospitalares por obesidade. “Não podemos estar à espera que o doente emagreça para o operarmos, senão ainda morre”, explica o cardiologista Duque Neves. É este o princípio que prevalece no CHMT, que só o ano passado mandou para a cirurgia do Hospital de Santa Cruz 86 pacientes e já este ano mais de 30. Os resultados foram apresentados num encontro promovido sexta-feira, onde estiveram presentes os conhecidos cirurgiões João Queiroz e Melo e Miguel Abecassis. Durante a apresentação, os dois médicos classificaram de “excelentes” os resultados do acordo entre as duas instituições de saúde.O cirurgião João Queiroz e Melo, natural de Tomar, sublinhou também com números o sucesso da parceria existente entre os dois hospitais: a mortalidade dos doentes operados foi apenas de 1 por cento em 227 intervenções, quando as probabilidades apontavam para meia dúzia. “Os resultados foram óptimos”, confirma o médico.Apesar do tempo ser de mudança, “podemos ter esperança de que vamos continuar com esta mais valia”, referiu a directora clínica do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Natália Rodrigues, na abertura do encontro. E perante uma plateia de especialistas do coração, o único autarca presente na iniciativa, José Veiga Maltez, presidente da Câmara da Golegã e médico de profissão, lamentou que não estivessem presentes mais dirigentes para testemunharem o que é “de facto uma prioridade” na gestão dos três hospitais (Tomar, Torres Novas e Abrantes) que asseguram a saúde na região do Médio Tejo.