GNR e Marinha apreenderam 85 redes em Vila Franca de Xira
Autoridades intensificam combate à pesca ilegal do meixão no rio Tejo
As enguias bebés, conhecidas como o “caviar português” são exportadas para Espanha a preços convidativos à prática da ilegalidade. Cada quilo pode atingir 400 euros no mercado internacional.
A “Operação Meixão”, que se desenrolou a 6 e 7 de Março no rio Tejo, entre a Ponte Marechal Carmona, Vila Franca de Xira, e a Vala do Carregado, foi a primeira do género levada a cabo pelo Grupo Territorial de Loures da GNR, efectuada em estreita colaboração com a Marinha. A sinergia de meios resultou na apreensão total de 85 artes de pesca ilegal do meixão, enguia bebé conhecida como "caviar português" ou ouro branco que tem no Tejo o principal berçário da Península Ibérica.Estiveram envolvidos no primeiro dia da operação 80 militares da GNR, e 60 no segundo, acompanhados por dez agentes da Polícia Marítima em equipas mistas de oito botes. A operação contou ainda com o apoio de uma lancha de desembarque com sete fuzileiros, tendo sido apreendidas 49 e 36 artes de pesca no primeiro e segundo dias, respectivamente.“Estimamos que existam mais de 300 redes de meixão na zona onde lançámos esta primeira operação conjunta”, disse o capitão-de-fragata Beltrão Loureiro, adjunto do capitão do Porto de Lisboa, que acrescentou não ter sido possível contabilizar o pescado, por ser devolvido ao seu meio natural à medida que as redes eram recolhidas.Por sua vez, o major Joaquim Nunes, segundo comandante do Grupo Territorial de Loures, cujo comando está localizado em Vila Franca de Xira, salientou que os materiais apreendidos estão avaliados em mais de 70 mil euros.O efeito devastador provocado pela pesca ilegal ao meixão, com redes permanentes dentro de água, representa uma ameaça ecológica no rio Tejo. Não só causam um efeito devastador no meixão ou angulas, como também nas espécies juvenis do robalo e do linguado. São redes de uma malha muito apertada, com a função de manga, que conseguem alojar até meio quilo de peixe por dia cada uma.Segundo o tenente-coronel Cardoso Pereira, comandante do Grupo Territorial de Loures, encontram-se já identificados alguns pescadores furtivos, que a seu tempo responderão pelos crimes de que forem acusados. O militar considera ainda que os resultados obtidos com a “Operação Meixão” não são inglórios, por saber que os prevaricadores vão continuar a praticar este tipo de actividade. “Não vamos ser demovidos nas nossas acções de fiscalização. Vamos continuar com este tipo de operações até o rio ficar limpo destas artes ilegais”, frisou o militar a bordo da lancha de desembarque onde eram descarregadas as redes.A proliferação excessiva deste tipo de artefactos ilegais condiciona ainda a navegabilidade das embarcações no rio, o que constitui um atentado ao equilíbrio socio-económico e turístico da região. As redes nunca são retiradas da água, ficam assinaladas por bóias rudimentares, que por sua vez, se enrolam com alguma frequência nas hélices dos barcos. O principal mercado do meixão situa-se no país vizinho, a Espanha, sendo ainda exportado para outros pontos do globo, tais como o Japão. Segundo as autoridades envolvidas na operação, “cada quilo desta iguaria pode atingir valores de exportação que ascendem aos 400 euros”.
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