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Fátima Marques

46 anos, Empregada de mesa Póvoa de Santa Iria

“A tourada é uma tradição secular mas também é uma coisa muito violenta, um massacre do animal. Só que já está tão enraizada que não há como negar a sua importância. Quem gostar, vai ver; quem não gostar, não vai. Eu pessoalmente não gosto.”

Recebeu alguma prenda no Dia da Mulher?Recebi um beijinho. Não concordo com a existência deste dia, não somos inferiores para termos um dia nosso. Acho que é mais um modo de algumas pessoas ganharem dinheiro com coisas sem valor.Já anda a pensar nas próximas férias?Já, gosto de programar bem as coisas. Não costumo fazer férias em casa. Tiro sempre quinze dias para ir conhecer sítios que se não fosse em férias não conheceria.Tem receio de fazer pagamentos pela Internet?Um bocadinho. Não sou muito adepta das novas tecnologias. Acho que a Internet é um bom meio de conhecimento mas também pode ser um meio de invasão de privacidade.Quem é o melhor português de sempre?Acho que não se pode escolher só um. Se fosse limitado a uma área específica talvez fosse possível mas assim são pessoas tão diversas que escolher um só era uma discriminação e uma injustiça.Trabalha com pessoas idosas. Acha que essa faixa etária é devidamente respeitada pela sociedade?Onde trabalho eles são respeitados mas em geral não. Não há muito respeito pela terceira idade, sobretudo da parte dos mais novos.O que é que faz falta na Póvoa de Santa Iria?Não gosto de viver na Póvoa. Falando em particular da zona da Póvoa velha, onde vivo, é uma zona muito atrasada. As pessoas são preconceituosas e intrometidas. Para além disso, faltam muitos serviços, tendo em conta a densidade da população, e fazem também falta coisas que chamem para aqui as pessoas e que crie um envolvimento da comunidade.Separa o lixo em casa?Muito pouco. Acho que mesmo separando eles depois acabam por juntá-lo à mesma. Para além disso, faz falta um ecoponto perto da zona onde eu moro.Recomende-me um livro que tenha lido recentemente.Estou neste momento a ler “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, de José Saramago. Não gosto muito de Saramago mas recomendaram-me este e estou a gostar. Também gosto muito dos livros do Paul Auster.Acha que os espaços verdes na Póvoa de Santa Iria estão devidamente cuidados?Acho que não há muitos espaços verdes na Póvoa. O único que conheço é a Quinta Municipal da Piedade e essa podia estar melhor do que aquilo que está.A vida está cara para todos ou só para alguns?Primeiro temos que definir o que é caro. Os nossos ordenados são baixos. O custo de vida subiu um bocadinho com a chegada do euro mas nada por aí além. As pessoas é que não se privam de nada, não fazem escolhas.Qual é a sua opinião em relação às touradas?A tourada é uma tradição secular mas também é uma coisa muito violenta, um massacre do animal. Só que já está tão enraizada que não há como negar a sua importância. Quem gostar, vai ver; quem não gostar, não vai. Eu pessoalmente não gosto.Prefere ver filmes em casa ou ir ao cinema?Em casa é mais barato. Não sou muito cinéfila, para ir ao cinema tem que ser para ver um filme que me interesse, com um bom realizador e um bom leque de actores. Não vou ver filmes só por ver.

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