
Pequenos poetas espalham rimas de vida no dia da poesia na Póvoa de Santa Iria
Crianças aprendem o valor da poesia num clima de brincadeira
O gosto pela poesia pode ser uma forma de estimular a prática da leitura junto dos alunos mais novos e fora do ambiente escolar.
Sexta-feira, 11h30. As aulas dos alunos da Escola Primária de Santa Eulália, de Vialonga, começam hoje de forma diferente. Por uma manhã, deixam-se de lado as contas de somar ou os nomes dos rios. O dia hoje é para a poesia. O local escolhido foi a Biblioteca Municipal da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria. Na sala que acolhe os 12 alunos do quarto ano, o sol amarelo pintado na parede reflecte o dia claro que faz lá fora. Cá dentro, fala-se de poesia. Andreia Brites é a orientadora do atelier “A palavra poema”, uma das iniciativas municipais que assinala o Dia Mundial da Poesia, celebrado a 21 de Março. “Vocês gostam de poesia?”. Um “sim” estridente ecoa pela sala. Andreia Brites distribui poesias com versos inacabados que os alunos deverão, em grupos de três, completar. Rapidamente começa a algazarra.O contacto com os livros é algo familiar a este grupo de alunos. “Por norma, fazemos várias actividades com a biblioteca”, explica a professora, Judite Campos. “Já fizemos a visita guiada e fazemos sempre a hora do conto. Desta vez, para comemorar o Dia Mundial da Poesia, temos este atelier que é uma actividade diferente”, diz, acrescentando que está também programado, embora ainda sem pormenores definidos, um encontro entre os alunos e um escritor. “Estas actividades são muito importantes e eles levam isto muito a sério”, afirma. E levam mesmo. Os grupos empenham-se em completar versos ou encontrar o verso intruso num determinado poema. Todos querem ser os mais rápidos e os melhores.Daniela, Cláudia e Renato são o primeiro grupo a descobrir os seis versos intrusos. Todos afirmam gostar de poesia, lendo-a não apenas na escola, por obrigação, mas também em casa, por gosto. “A poesia é gira porque rima”. É deste modo simples e sem lirismos que Daniela explica a sua preferência pelos versos em detrimento dos contos. “Aprende-se sempre com a leitura, mesmo que seja uma história qualquer”, dizem, quase em uníssono.Tiago Gomes, de 9 anos, foi um dos alunos mais entusiasmados com a participação no atelier. Quando lhe perguntaram se tinha gostado dos poemas a resposta estava na ponta da língua: “adorei!”. Também Tiago Ribeiro e José Tiago, colegas da mesma sala de aula, saíram da biblioteca satisfeitos com a experiência. “É bom aprender ao mesmo tempo que brincamos fora da escola”. Também a professora Judite vê com bons olhos a realização de actividades fora do recinto escolar. “A zona de Santa Eulália, onde eles estudam, é um bocado isolada”, diz a pedagoga. “Este ano temos alunos do 1º ano que nunca andaram de comboio”, lamenta, acrescentando que não é por falta de condições económicas dos pais que estes alunos “não têm muitas vivências”. Para ajudar a colmatar essa falha, os alunos passaram a quarta-feira, 21 de Março, no Parque das Nações, para assinalar o Dia Mundial da Floresta num ambiente diferente.O atelier “A palavra poema” foi uma das várias actividades que ocuparam a semana em que se celebrou o Dia Mundial da Poesia. Um encontro com o poeta Gastão Cruz na Biblioteca Municipal de Alverca do Ribatejo, um espectáculo evocativo da vida e obra de José Afonso na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, uma venda de livros de poesia e a inauguração de duas exposições, sobre Eugénio de Andrade (na Póvoa de Santa Iria) e sobre José Afonso (em Alverca) foram outros dos eventos que assinalaram a data.

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