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Interrogativo Serafim das Neves

Não sei porque te espantas com tantas visitas de políticos da região à Roménia. Por estes lados a tradição ainda é o que era. Por aqui Portugal mantém o rumo dos nossos egrégios avós que começaram por Marrocos e alargaram horizontes por paragens nunca antes visitadas, na África, Brasil e Índia. A missão civilizacional prossegue imparável. Depois de termos educado cafres e filhos do Gungunhana abalançamo-nos agora a civilizar, ilustrar e educar para o consumo outros povos que suplicam com insistência os nossos préstimos. Tu acreditavas que um Governador-Civil ficaria indiferente às súplicas dos vendedores romenos de boletins Borda d´Agua, que atravancam diariamente o Largo do Seminário em Santarém, com os seus lancinantes: “aiúta señora, aiúta!” ?? E poderia um autarca solidário deixar de ir a uma qualquer Dâmbovita explicar como se atraem investimentos do sector da construção civil? Cumpre-se o nosso destino histórico e não se gasta na fazenda pública. As quinquilharias que levávamos nos porões para dar graxa aos nativos dos novos mundos custavam uma bagatela. Agora, na Roménia, podemos oferecer banquetes de primeira a aldeias completas pelo preço de um almoço para quatro num qualquer restaurante português. Enquanto o salário médio da Roménia for de 250 Euros achas que vale a pena ir pregar a outras freguesias? Ao menos lá passamos por ricos e poderosos. Só é pena que com esta nova mania de sermos um Estado laico a Igreja católica não seja convidada integrar tão ilustres missões. Estou convencido que ao fim de duas ou três visitas o catolicismo iria florescer naquelas bandas mesmo sem recurso a grande adubo evangelizador.Quem não se deixa catequizar são os imigrantes de Leste. Mais de metade já deram de frosques daqui para fora. Eu bem me parecia que aquilo era gente com dois dedos de testa. O que me admirou foi terem demorado tanto tempo a perceber onde tinham vindo parar. Mas pensando bem deve ter sido um problema de comunicação. Assim que começaram a perceber português…ó abre!! Foram daqui para fora que até parecia que levavam fogo no cu. Ficamos cá nós, os brasileiros porque sempre sabem jogar à bola, os africanos porque aquilo em África faz uma caloraça de morrer e, claro, os romenos. Assim se vê que Portugal não se desvia do seu destino nem um milímetro. O Infante D. Henrique tinha razão e o D. João II com aquele tratado de Tordesilhas deu o toque final na coisa. É a vocação Atlântica. Venham de lá mais brasileiros e africanos que ao menos estes não tiram empregos a médicos, engenheiros e arquitectos. E venham de lá também os romenos enquanto se limitarem a vender pensos e a pedir esmola. Para justificar a costela europeísta.Como os últimos são os primeiros deixei estes caracteres finais para o personagem Rui Barreiro que, com inteira justiça, mencionas no teu e-mail. Esse grande português. Esse fascinante inovador que fez o que mais ninguém parecia capaz de fazer na política autárquica. Perder umas eleições ao fim de um primeiro mandato é obra. Se não ficar na história de Portugal decerto não escapará a umas boas páginas da história de Santarém. E olha que ele também era um adepto feroz da nossa vocação africana. Em termos de pensamento então era cá uma aridez que pedia meças a qualquer deserto. O que a mim me admira é que tal potencial não tenha sido aproveitado em termos turísticos. Uns quantos camelos a pastar no Campo da Feira e o sucesso tinha sido garantido! Mas olha que essa coisa de lhe chamares Engenheiro para, como dizes, mostrares respeitinho, pode ter efeitos perversos. Não tens ouvido as notícias referentes às Engenharias do senhor Sócrates? Ainda vais sentar o cu no mocho por causa das deferências, ai vais vais!!! Um abraço geminado do Manuel Serra d’Aire

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