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Mistério policial entre vinhedos

Anda um assassino à solta no Douro. Seis jovens virgens aparecem mortas. Todas elas apresentam uma incisão no abdómen. O regedor de S. João da Pesqueira aponta o dedo aos lobos. Vespúcio Ortigão, um dos oito filhos do cónego Gregório de Tabuaço, recusa desde logo a teoria. Advogado, formado em Coimbra graças à generosidade da Ferreirinha, que lhe pagara os estudos, lança-se numa complexa investigação, tendo por Bíblia o catecismo positivista.A investigação policial de “A Fúria das Vinhas” desenrola-se nos finais do Século XIX. A filoxera destrói vinhas atrás de vinhas. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, a maior proprietária da região demarcada do vinho do Porto empreende uma luta sem quartel contra a praga. A filoxera e o crime andam à solta. As duas principais personagens empunham a racionalidade e o saber científico contra a superstição e o medo.Em pano de fundo há a construção da ponte sobre o Douro em Vila Nova de Gaia e o prolongamento da linha de caminho de ferro do Douro da Régua a Barca de Alva; chega à região o primeiro microscópio; a revolta de 31 de Janeiro falha e a monarquia aguenta-se até à viragem do século; os políticos agarram-se aos tachos; O rei D. Luís I distribui títulos honoríficos; a inútil burguesia e a realeza decadente andam entretidas a esbanjar fortunas. O criminoso é encontrado e preso. Não é nenhum bruxo da região como se chegou a suspeitar mas representa a crendice e a superstição. O móbil do crime é a vingança. O alvo é a Ferreirinha. Os métodos utilizados por Vespúcio Ortigão permitem que a justiça passe a ser mais justa. Que as pessoas presentes a tribunal não sejam condenadas apenas com base no que é dito pelas testemunhas. A confissão deixa de ser essencial. Nem Sherlock Holmes, o detective criado por Arthur Conan Doyle, foi capaz de ir tão longe, não se cansa de explicar o jovem bacharel. A Ferreirinha rompe as fragas da Quinta de Vale de Meão. A filoxera é vencida à custa das enxertias feitas em vinha americana. A terra que só dava matos, cobras e lagartos, começa a produzir em tal quantidade que dita o fim dos barcos rabelos. O vinho passa a ir para os armazéns de Gaia de comboio.

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