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Uma grande vontade de ser livre

Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo. Lembro-me sempre destes versos de Sophia de Mello Breyner Andresen quando quero falar do capitão Salgueiro Maia. Lembro-me sempre destes versos quando quero falar do 25 de Abril. Não sou saudosista. Gosto muito do presente. Não sou dos que pensa que o 25 de Abril não se cumpriu e outras coisas do género. Volto ao poema que este é um país de poetas onde poucos ligam à poesia. Onde os poetas só existem depois de mortos. Onde os livros de poesia são raros apesar de se editarem milhares de livros com arremedos de poemas. O 25 de Abril é hoje, amanhã e depois de amanhã. É no presente e no futuro, nunca no passado. Eu gosto da liberdade porque é um desafio permanente. Recordo o olhar determinado do capitão Salgueiro Maia e vem-me uma vontade enorme de ser livre. Recordo a cor irreal dos olhos de Sophia de Mello Breyner Andresen e apetece-me sorrir à vida mesmo nos dias em que a vida não tem graça nenhuma.Raios partam o sebastianismo. Mas porque é que tem que se fazer outro 25 de Abril? Mas porque é que tem que aparecer um outro Salgueiro Maia? Não conseguimos fazer nada sozinhos para além de lamentarmos o que não fizemos, à volta da carne assada do almoço de confraternização do 25 de Abril? Obrigado Salgueiro Maia. Obrigado Sophia de Mello Breyner Andresen. Joaquim José Marcos Infante

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