Autarcas temem novas regras que podem fechar fábricas de transformação de tomate
Rejeição às novas regras propostas por Bruxelas
Os autarcas dos nove concelhos portugueses onde se concentram as fábricas de transformação de tomate rejeitam as novas regras propostas por Bruxelas para o sector, porque podem levar 5.000 pessoas para o desemprego. Os autarcas de Alcácer do Sal, Almeirim, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Ferreira do Alentejo, Mora, Palmela e Vila Franca de Xira, apelam às autoridades para que "sejam adoptadas medidas que permitam sustentar a razoabilidade económica desta fileira", referiu o porta-voz da Associação dos Industriais do Tomate.A mesma fonte disse à agência Lusa que autarcas destes concelhos, principalmente presidentes de câmara, reuniram-se quinta-feira e transmitiram às empresas a sua preocupação com a possibilidade de ser aprovada a alteração proposta para a Organização Comum de Mercado (OMC) de frutas e hortícolas, que poderá fechar as fábricas de transformação de tomate.A Comissão Europeia (CE) propôs o desligamento total dos apoios da produção, ou seja, os agricultores recebem ajudas mesmo sem produzir, o que, segundo os autarcas e a AIT, levaria ao abandono dos campos e à falta de matéria-prima para as fábricas laborarem. Os industriais do tomate defendem que a aprovação da proposta, que "está numa fase decisiva de discussão", acabaria em Portugal com a existência desta fileira, da produção à transformação de tomate, que representa mais de 5.000 postos de trabalho.Este sector, que é "extremamente competitivo no mercado global", é composto por 10 unidades fabris que, em alguns casos, "são os mais importantes empregadores dos concelhos em que se situam", acrescentou.Ao aproximar-se uma fase decisiva da negociação e decisão da proposta da Comissão, os autarcas entenderam juntar-se para "exprimir a sua preocupação face às consequências que a reforma da OCM pode originar, com a redução drástica da produção de tomate e o inevitável encerramento de cerca de uma dezena de unidades".Os autarcas dos nove concelhos "alertam as instituições envolvidas na negociação" para analisarem os efeitos de uma decisão pelo desligamento total das ajudas e tentarem evitar o fim da indústria de transformação do tomate em Portugal.No início de Fevereiro, foi apresentado um estudo da consultora Deloitte que confirmou as expectativas negativas da indústria de transformação de tomate portuguesa no sentido da extinção das fábricas com as alterações aos apoios aos produtores.A concretização do desligamento, total ou parcial, dos apoios relativamente à produção iria traduzir-se "na eliminação de cerca de 635 postos de trabalho directos e de 4.500 indirectos e na redução de 53 por cento das exportações", defendeu a consultora.Com o esperado abandono da produção do tomate em Portugal, onde a indústria portuguesa obtém mais de 90 por cento da matéria- prima, as empresas poderiam procurar sobreviver através da redução de custos operacionais, como salários ou energia, mas tal "não é possível", acrescentou a consultora.Com a redução da produção, a tendência é o preço do tomate aumentar no mercado internacional, factores como a energia são exógenos à própria indústria e diminuir os salários "é inaceitável", situações a que se junta a pequena dimensão das explorações agrícolas nacionais e as margens operacionais curtas, segundo o secretário-geral da AIT, Miguel Gambezes.Este responsável avançou na altura que a indústria de transformação de tomate, com 95 por cento da actividade relacionada com concentrado, factura 130 milhões de euros e recebe cerca de mil milhões de toneladas de matéria-prima, a 34,5 euros a tonelada, existindo 748 produtores. O responsável frisou que esta indústria consegue a segunda mais elevada rentabilidade do mundo, com 80 toneladas por hectare, depois da Califórnia que está em segundo lugar, com 86 toneladas, EA.
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