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José Miguel Júdice em Santarém a convite do PSD sem papas na língua

José Miguel Júdice em Santarém a convite do PSD sem papas na língua

“Cavaco Silva odeia a política”, disse o ex-militante do PSD e ex-bastonário
“O PSD quando foi para o poder com Cavaco Silva mudou profundamente a sua natureza. Ou foi Cavaco que a mudou. O PSD era um partido da sociedade e tornou-se um partido do Estado. De partido da mudança mudou para partido do conservadorismo. Querer a maioria absoluta foi o maior erro do PSD. Cavaco nunca ligou ao partido. Aliás, ele odiava a política. Os partidos deviam ter mais pessoas que gostassem da política e não do poder, que foi o que aconteceu no tempo de Cavaco”.José Miguel Júdice, em discurso directo, numa conferência realizada na noite de 2 de Maio na Casa do Brasil, onde foi convidado, com Miguel Relvas, para falar do posicionamento político do partido face aos desafios que enfrenta na oposição ao Partido Socialista. A organização foi da secção local do PSD e Ramiro Matos, líder da concelhia, presidiu à mesa e moderou o debate que se seguiu em que participaram cerca de meia centena de militantes.Reivindicando a sua vasta experiência de militante durante mais de uma década, Júdice lembrou Sá Carneiro e a sua visão de futuro que, já na altura, disse, “estava muito mais à frente que certos posicionamentos de actuais dirigentes”. Criticou os últimos líderes do partido, entre os quais Marques Mendes, e disse que “Sócrates está a fazer no Governo tudo aquilo que Cavaco, Durão e Santana Lopes não tiveram coragem para fazer. Quanto a Marques Mendes criticou a sua liderança por ser do contra de forma irresponsável.Para José Miguel Júdice o PSD não tem, desde há muitos anos, uma linha de rumo. E a culpa não é do actual líder. É do PSD. No meio de muitas criticas ao funcionamento dos partidos e ao mau exemplo dos políticos, Júdice deu o exemplo da regionalização para provar que isto está tudo trocado. “A regionalização sempre foi em todo o mundo um combate de direita. Porque a esquerda defende um Estado sempre mais forte. No nosso caso é o PSD que está contra a regionalização e é o PS que a defende”.“Os socialistas estão a querer pôr ordem na função pública. O PSD anda a dizer que não é possível fazer despedimentos. As reformas que Sócrates está a implementar para salvar a nossa economia deviam ter sido feitas por Durão Barroso. Cavaco Silva em dez anos de Governo só fez a reforma fiscal. Durão Barroso não fez nada”. Ex- militante do PSD, do qual saiu “para provocar um abanão”, Júdice disse ainda que se admira de haver “tanta gente que enriqueceu e se valorizou graças à politica e depois de tantos anos ainda não está disponível para se integrar na sociedade civil”, numa clara alusão critica aos actuais dirigentes que hoje se afirmam como alternativa ao Governo de Sócrates quando ainda há pouco tempo foram o rosto da derrota social democrata. “A política só faz sentido quando se tem coragem para arriscar tudo. Foi assim que fez Sá Carneiro e por isso ganhou as eleições”, disse ainda já numa fase do debate com os militantes de Santarém. Miguel Relvas, actual deputado e ex-secretário-geral do partido foi mais moderado nas criticas e tentou em alguns momentos rebater o clima de pessimismo de Júdice. Mas não deixou de reconhecer que “falta ao PSD um conhecimento dos novos problemas da nossa sociedade”; que o PSD continua a ser “uma referência na política portuguesa mas é verdade que adoptou a filosofia de uma holding: estão todos bem instalados”. Relvas defendeu ainda que “os partidos quando chegam ao poder deviam fechar as inscrições para militantes. Sei por experiência própria o que é essa monstruosidade de haver tantas pessoas a quererem colar-se ao poder quando um partido forma Governo. Confesso que ainda recentemente me assustei quando vi na Assembleia da Republica o PSD votar ao lado do Bloco de Esquerda na questão do sigilo bancário. Para mim não valem todas as formas de fazer oposição” confessou.
José Miguel Júdice em Santarém a convite do PSD sem papas na língua

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