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“Ninguém está a pensar construir no Mouchão da Póvoa de Santa Iria”

Entrevista com o presidente da Junta da Póvoa de Santa Iria

Jorge Ribeiro, 30 anos, formado em gestão autárquica iniciou a vida política como presidente da Junta de Freguesia da sua terra. Uma cidade dormitório com mais de 30 mil habitantes e uma mão cheia de desafios pela frente. O autarca defende o mouchão com unhas e dentes e quer dar mais vida à freguesia desafiando a participação de quem lá vive.

Como está a situação da obra do auto-silo na Quinta da Piedade?Segundo a câmara Municipal, houve desconformidades em relação ao projecto que levaram à suspensão parcial da obra. Neste momento creio que o projecto está a ser reanalisado mas esse é um assunto que é da competência da câmara.A publicidade selvagem é um problema grave na Póvoa de Santa Iria, em especial na zona junto à EN 10. De que forma é que a junta de freguesia está a combater a situação?Tudo o que está em placas é legal. O que não é registado, ou é retirado ou então contactamos a empresa no sentido de legalizarem a publicidade. Essa legalização obedece depois a um determinado número de parâmetros, como por exemplo a dimensão das placas.Sendo a Póvoa uma cidade suburbana tão próxima da capital, acaba por tornar-se um dormitório para muitos daqueles que nela habitam. A junta tem projectos para atrair a comunidade?A concorrência é desleal, por estarmos tão perto de Lisboa. Na verdade, estamos tão perto da capital como estamos da sede do concelho. Cerca de 70 por cento da população da Póvoa desloca-se diariamente para Lisboa, uma cidade com atractivos que a nossa cidade não tem. Procuramos valorizar o nosso património e estamos a tentar desenvolver alguns planos para tentar que, pelo menos ao fim-de-semana, as pessoas possam ficar na freguesia. Temos, neste momento, uma oferta interessante de comércio. O centro comercial Serra Nova, no bairro do Casal da Serra, recebe milhares de visitantes todos os dias por isso também há pessoas que se fixam aqui. No que diz respeito ao património, a Quinta Municipal da Piedade é a aposta mais forte?Sei que está na agenda da câmara municipal a abertura no portão da Quinta Municipal da Piedade na zona do Casal da Serra o que também vai atrair mais pessoas para a quinta. Aqueles que agora vão passear ao centro, caso queiram ir à quinta têm que caminhar durante cerca de um quilómetro o que deixará de acontecer com a abertura desse portão. Vamos também fazer intervenções em grandes extensões de zonas verdes a que chamamos zonas de lazer integradas. São locais onde a pessoa pode sentar-se a ler enquanto o neto brinca no espaço próprio e o cão também passeia porque há WC canino. A zona da Avenida Ernest Solvay, a zona dos Caniços ou o Casal da Serra são áreas onde isto pode ser feito.Uma das grandes queixas dos moradores da Póvoa de Santa Iria é a falta de lugares de estacionamento numa cidade que acolhe tanta população.Temos um plano de intervenção para essa área que passa pela marcação de lugares de estacionamento. As condições climatéricas são uma condicionante nesse trabalho e, nesse aspecto, temos tido ultimamente algum azar. Na Avenida Ernest Solvay, por exemplo, eliminámos já algumas barreiras arquitectónicas e criámos lugares de estacionamento. A ideia é requalificar os pequenos espaços e potenciar espaços mortos porque o espaço não estica. Em frente à Associação Popular de Apoio à Criança (APAC) temos uma extensão que vai ser uma zona verde. É possível criar ali também alguns lugares de estacionamento, numa zona que é especialmente problemática quando chega à hora de os pais irem buscar as crianças à instituição.Qual o ponto da situação em relação ao futuro interface rodo-ferroviário da Póvoa de Santa Iria?Segundo a informação que tenho, penso que o alvará já foi passado. Dentro de pouco tempo a obra deverá começar. Esta é uma pretensão da freguesia há já alguns anos e é uma obra que vem requalificar aquela zona, libertando espaço até à frente ribeirinha. Para além de vir melhorar a ligação entre o transporte rodoviário e o ferroviário, vai trazer também um auditório cultural com 300 lugares, que muita falta faz à cidade, e zonas de comércio.Há algum projecto definido para a recuperação da zona antiga da Póvoa, que muitos acusam de estar esquecida?Temos que tentar analisar a zona antiga da Póvoa através de dois aspectos: o das edificações e o da própria vida da Póvoa antiga. A junta de freguesia tem feito um trabalho junto dos comerciantes para trazer gente à Póvoa. Há dois anos atrás conseguimos montar pela primeira vez iluminação de Natal na zona antiga. Para além disso, já fizemos dois concursos de montras do comércio tradicional. Temos tido uma parceria muito interessante com os lojistas que culminou com um desfile no Dia da Mulher. O núcleo antigo carece de dinamização e é com estas iniciativas que o fazemos. Mas é preciso fazer mais…No que diz respeito às edificações, têm a ver com os particulares. Há programas para apoiar a sua requalificação e, neste momento, há já edifícios recuperados. A zona da antiga GNR é a prova disso, bem como a zona da farmácia junto à estação dos comboios. Isto tem que ser feito a pouco e pouco, tentando não alterar o traçado do núcleo antigo. Penso que é uma zona muito apetecível, com fáceis acessos. Queremos requalificar os edifícios para fixar gente nova aqui.A petição que reclama a posse administrativa do Mouchão da Póvoa para a freguesia foi entregue na Assembleia da República esta semana. Caso se concretize essa transferência, que projectos existem para o mouchão? O que nós exigimos é a alteração daquilo que é um erro administrativo mas que pode ser corrigido. Foi um trabalho de alguns anos que culminou com a entrega das mais de 5 mil assinaturas na Assembleia da República. Agora temos que aguardar uma vez que não está nas nossas mãos. Fomos agradavelmente surpreendidos com o timing para o agendamento em plenário. Talvez daqui a um mês e meio ou dois meses mas é tudo muito subjectivo. No entanto, os motivos que alegámos são demasiado evidentes. São questões administrativas e de afectividade à ilha. Não queremos tê-la só por ter. É importante fazer um trabalho junto das autoridades competentes para que se possa preservar a ilha. Ninguém está a pensar construir no mouchão ou alargar a Póvoa de Santa Iria para o mouchão. Mas queremos um projecto de recuperação e aproveitamento da ilha.A presidente da câmara municipal de Vila Franca de Xira avançou um terreno junto da rotunda dos Caniços como local onde serão construídas as futuras instalações da PSP que servirão as freguesias da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa. Essa é uma solução que o satisfaz?Nós fizemos uma proposta à presidente da câmara de um terreno anexo à nova escola EB1 (na 2ª fase da Quinta da Piedade). É um terreno que está a 300 metros da rotunda dos Caniços e penso que satisfaz a colocação da PSP de forma a servir as duas freguesias. Agora terá que ser o Ministério da Administração Interna a decidir a localização da futura esquadra.

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