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Pedro Lamy acelera nas 24 horas de Le Mans ao volante de um Peugeot

“Demasiada confiança no automobilismo pode ser a morte do artista” diz o piloto

Continua a ter cara de miúdo e a vestir calças de ganga, mas o piloto de Fórmula 1 forjado nos caminhos vicinais da Aldeia Galega (Alenquer) está mais maduro. Pedro Lamy, 35 anos, conduz um 407 da Peugeot que promove em Vila Franca de Xira. E prepara-se para 24 horas de aceleração com um motor da marca na competição mais famosa do mundo: Le Mans.

Está a competir em Le Mans – o campeonato mais importante do mundo. Como está a correr a aventura?Muito bem. Ganhámos a prova em Valência. A outra equipa tinha ganho na primeira corrida e nós ganhámos nesta. A Peugeot está a correr com dois carros. Estou com um francês e há uma outra equipa composta por um francês e um espanhol.Está a participar ao volante de um Peugeot que é a marca que promove. É uma vantagem?Coincidência, apenas. Junto o útil ao agradável… É bom, mas o facto é que fomos escolhidos. Não teve influência o facto de ter uma concessão da marca. Em termos pessoais é positivo. Em termos empresariais não sei se vai trazer grandes vantagens, mas é engraçado. Que características destacaria no veículo? É um carro a diesel não muito comum nestas andanças…É a diesel e principalmente é uma representação dos motores HDI da Peugeot que a marca guarda com tanto segredo e orgulho. Conseguiu adaptar e colocar o motor a correr com o mesmo sistema a diesel. Em princípio os consumos são um pouco mais baixos. Dá para dar mais voltas e por consequência permite menos paragens, faz menos barulho, mas é um carro de competição na mesma. Tem uma ligação afectiva à marca. Sente-se mais confortável ao volante de um Peugeot?Sim, é pena não ser uma águia… Eu sou do Benfica… (risos) Acho que é muito gratificante correr pela Peugeot. É uma marca muito profissional principalmente ao nível de competição. Têm uma estrutura de 200 pessoas para montar o projecto. Já gostava muito da marca, agora ainda gosto mais.Vai competir lado a lado com a Audi.É a equipa que tem ganho nos últimos anos em Le Mans. Tanto a diesel como a gasolina. Vai ser uma competição renhida e espero que fiquemos um pouco à frente. Mas não vai ser fácil porque eles têm mais experiência que nós.Está a falar das 24 horas Le Mans…Sim, é o ponto alto de todo o programa. É o campeonato em que a Audi está presente. Está preparado para o desafio?A vontade é ganhar e principalmente ser rápido. Demonstrar competitividade. Isso depende do carro. Nós somos vários pilotos, não sou só eu. É a equipa toda. O potencial está lá, faltam apenas alguns detalhes, mas é tudo uma incógnita por enquanto. Ainda não sabemos se vamos estar ao nível da Audi ou não. Que tipo de treino é que faz?Treino físico. Tive uma lesão que me obrigou a parar durante algum tempo. Faço exercícios de que necessito dentro do carro de competição. Convém estar bem preparado para não ter o mínimo de cansaço e não cometer erros. Qual é o truque para aguentar 24 horas a correr?Para ter um bom ritmo é preciso estar concentrado e descansar. É preciso estar concentrado dentro do carro, no momento certo, não desgastar a concentração fora do carro. Muitas vezes as pessoas concentram-se nos momentos errados. É natural de uma aldeia de Alenquer…Nasci em Lisboa, mas morei sempre na Aldeia Galega, Merceana, concelho de Alenquer. Como é que era o menino Pedro? Foi aliciado desde cedo pela velocidade?Sempre vivi no campo. Passava o tempo a andar de bicicleta e de mota nos caminhos da zona. Ia para o campo acelerar. Comecei a correr no mini-motocross com cinco anos. Tive moto desde pequeno. E gostava dos karts.Qual foi o primeiro carro em que acelerou?Um carrinho a pedais. Não tinha motor… (risos) Devia ter três anos ou quatro e andava pelo quintal. Qual é a ligação que tem à terra?Estou a viver em Torres Vedras, mas a minha base é sempre Lisboa por causa das corridas. Mas vou muito a Aldeia Galega. A minha avó mora lá e os meus pais também. O meu pai e eu temos aqui os negócios e por isso temos ligação a esta zona. Os negócios estão a correr bem. Há projectos?A Peugeot é uma boa marca e tivemos a sorte de conseguir representá-la. Mas quem lidera as questões empresariais é mais o meu pai. Estou mais ligado às corridas. Qual foi o primeiro carro?Foi emprestado da minha mãe quando fui para Inglaterra. Um Golf. Depois tive um Datsun oferecido por uns amigos nossos. Agora tenho um 407.Pedro Lamy já não é apenas aquele piloto com cara de miúdo. Está mais maduro…Já passaram muitos anos. Acho que não mudei assim tanto, mas as coisas estão diferentes. Sou casado, tenho dois filhos. Dois rapazes. De cinco e dois anos. Mas se olhar para trás identifico-me com aquela pessoa. Talvez fosse um pouco mais tímido…A experiência é uma grande mais valia nesta área….Vivo assim. Na competição acho que é bom pensar que pouco sabemos. É bom pensar que precisamos saber sempre mais e tentar melhorar. Demasiada confiança no automobilismo pode ser a morte do artista. Não tem receio que por vezes passe a ideia errada para os jovens no que diz respeito à velocidade?É um desporto. As pessoas têm que ter consciência de que só podem atingir velocidades altas nos espaços devidos. E a estrada não é uma pista. Os jovens devem criar ídolos, mas saber diferenciar. Há sempre a possibilidade de andar de kart…

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