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Os caminhos-de-ferro não têm remédio

Manhã de Quarta-feira, 4 de Maio. Nas bilheteiras da Estação da CP do Entroncamento a mesma cena de sempre. Uns funcionários entrincheirados nas bilheteiras e a máquina de venda de bilhetes – a que resta, uma vez que já foram duas – fora de serviço. Desespero. Estão várias pessoas à minha frente. Compro bilhete para um Intercidades que já está na estação. São 10.15H. Dou uma corrida para não perder o comboio. Arrisco a vida a atravessar as linhas mais uma vez. O acesso às plataformas continua a ser feito como na altura da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal. A nova estação, projectada há mais de uma década e incluída nos trabalhos de renovação da Linha do Norte nunca passou do papel. Compreende-se. O caminho-de-ferro em Portugal não é transporte a considerar a não ser entre Lisboa e Porto. Quem quiser ir trabalhar ou deslocar-se do interior do país para a capital que compre carro. O imposto sobre os combustíveis tem que crescer para pagar a “estragação” da máquina do Estado.Sento-me no comboio que está na linha 4 e começa a espera. Estão a mudar de máquina. Fica na estação a movida a gasóleo e segue uma eléctrica. O tempo passa. Parece que voltei aos anos em que viajava com os meus pais na linha do Douro a caminho do Pinhão. Só falta o cheiro das máquinas a vapor. As moscas são as mesmas. Vem-me à ideia o slogan do programa do António Barreto (Portugal –Um retrato Social) que passou recentemente na RTP. O país evoluiu muito. Evoluiu? O ar condicionado está desligado. É óptimo para quem tem alergia ao mesmo o que não é o meu caso. Passam dez, quinze, vinte minutos. Às 10.35H entra outro Intercidades na linha 5. Começo logo a ver o filme. Não sou bruxo mas acerto. Aí vai ele à nossa frente. O comboio onde estou continua parado. Não sei se foi feito algum aviso na instalação sonora explicando o que se passa. Mesmo que tenha sido a maior parte das vezes é impossível ouvir seja o que for. Principalmente nos dias em que há uma locomotiva Diesel a trabalhar, sem outro sentido que não seja esturricar a paciência e os ouvidos dos passageiros, durante meia hora seguida ou mais, no meio da estação.Finalmente lá arranca a carroça às 10.40H. O que vale é que com a nova política da CP todos os comboios regionais e Interregionais que estiverem a atrapalhar a marcha do Intercidades vão ser desviados. Com um bocado de sorte e à custa do atraso de centenas de outros passageiros, não irei chegar muito atrasado a Lisboa. Obrigado CP. Obrigadinho!!!Rui Ricardo

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