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O Rio de Janeiro a Caparica e Tejo

O arquitecto Saraiva, director do semanário Sol, perdeu-se um dia no Rio de Janeiro, mais precisamente na zona de Copacabana e, pensando alto no meio daquele imenso areal, com uma vista espectacular para o calçadão, imaginou o mesmo cenário para a Costa da Caparica. Só um lisboeta poderia imaginar a transformação da imensa Costa da Caparica numa Copacabana à portuguesa. Construir prédios, mesmo que fossem só hotéis, numa zona protegida como é a zona da Caparica, onde se estendem quilómetros de praias, seria tão criminoso como autorizar a instalação de uma pecuária num terreno baldio entre o Estoril e Cascais. A primeira vez que visitei o Rio, para participar numa conferência internacional sobre Jorge de Sena, tive o privilégio de dormir num daqueles hotéis à beira do calçadão, que também me permitiu alguns passeios às 6 da manhã naquele imenso areal.A melhor paisagem do mundo é aquela que vive nos nossos olhos infantis e o bem-estar ideal só pode ser fruto da recordação de todos os nossos melhores momentos de felicidade. Terei pensado mais ou menos isto quando, numa dessas manhãs, reparei que para encontrar a tranquilidade que tanto ansiava foi preciso andar 10 horas de avião e correr na praia de uma cidade que, embora toda a sua beleza, é igualmente uma das mais perigosas do mundo.À porta de casa, a cerca de quinhentos metros dos degraus da minha porta, corre o rio Tejo, e o seu leito, de Abrantes a Vila Franca de Xira, tem sempre um areal mais limpo que o de Copacabana, para além de uma vegetação admirável, onde temos liberdade para correr, dormir, fazer piqueniques, pescar, armar tenda, assistir ao pôr do sol mais bonito do mundo, enfim, só tomar banho é que é tão perigoso como nas praias poluídas do Rio de Janeiro quando os sistemas de tratamento dos esgotos avariam, o que não é assim tão raro para aquelas bandas.Não tenho a pretensão de chamar nomes ao director do Sol nem acho que a ideia dele não seja engraçada. Mas apenas para um projecto de computador. E para lisboeta ver numa exposição sobre a área metropolitana de Lisboa no ano 2997. Mas fico a dever à sua ideia peregrina a oportunidade de confessar que quase todos os fins-de-semana me sinto no areal do Tejo como se andasse na praia de Copacabana, Ipanema ou Leblon.

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