TSD consideram que há fortes razões para greve geral
Críticas à actuação do Governo e ao aumento do desemprego
Os Trabalhadores Social-Democratas (TSD) consideraram esta terça-feira que o Governo "está a impor sacríficios brutais", defendendo que há fortes razões para a greve de 30 de Maio, mas deixam à consideração dos dirigentes sindicais a adesão ao protesto. "Há razões mais que bastantes para as pessoas estarem zangadas com o Governo, com o rumo que o país está a levar e com a ausência de perspectivas positivas. O Governo prometeu há dois anos mais de 150 mil postos de trabalho e o que já criou foi 72 mil novos desempregados", criticou o secretário-geral dos TSD, Arménio Santos.O secretário-geral considerou a situação "grave", até porque a "taxa do subsídio de desemprego é inferior à que vigorava no ano passado, vai vigorar durante menos tempo e é cada vez mais difícil encontrar um novo posto de trabalho". "Esse é que é o drama. os últimos números indicam que existem 472 mil desempregados, dos quais 50 por cento são de longa duração (há mais de um ano). Destes, 127 mil já estão no desemprego há mais de dois anos", exemplificou, sublinhando que este é o desemprego mais elevado dos últimos 22 anos.Arménio Santos apontou ainda o dedo "à precariedade das relações de trabalho, à política fiscal hostil ao emprego e à competitividade das empresas" e à política económica seguida, que conduziu "à falência e ao encerramento de 48.500 micro e pequenas empresas". De acordo com Arménio Santos, as reformas que o Governo se propôs realizar na Administração Pública "têm conduzido à instabilidade e ao medo nesses sectores, sem quaisquer melhorias dos serviços públicos prestados aos utentes".Os TSD lamentam ainda as "gigantes desigualdades sociais" entre os portugueses que, defendem, "estão mais pobres, mais endividados e mais distantes do nível de vida dos europeus", o facto de o sistema de saúde estar cada vez mais caro para os utentes e o crescimento do fenómeno da emigração dos trabalhadores portugueses por falta de emprego. "Nunca antes os trabalhadores foram sujeitos a uma política de austeridade e de desmantelemaneto das relações e dos direitos sociais como está a suceder com o actual Governo. O rumo que o país está a seguir causa a maior preocupação", frisou.Razões consideradas pelos TSD mais que suficientes para a "insatisfação dos trabalhadores e das famílias portuguesas" e para a sua adesão à greve. "Bem se compreende que expressem vivamente a sua legítima indignação. É neste quadro que os TSD deixam à consideração dos seus dirigentes sindicais e associados dos seus sindicatos a adesão à greve de dia 30, que foi desencadea-da pela CGTP [Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses] sem espírito de unidade", sublinhou.Arménio Santos considerou "lamentável" que a intersindical "não tenha preparado previamente a greve geral com as forças sindicais exteriores à CGTP". "Não é de forma muito fechada que se decide avançar para uma greve, ignorando todo o movimento sindical. No nosso entender, uma greve geral deve mobilizar a generalidade dos sectores de actividade nesse processo de luta", disse Arménio Santos, sublinhando que a "greve geral deve ser usada como o último recurso, devendo por isso mesmo ser muito ponderada a sua marcação".A CGTP marcou a greve de dia 30 para exigir uma mudança de rumo para as políticas económicas e sociais de modo a garantir aos portugueses melhores condições de vida e de trabalho. A função pública, os transportes, a marinha mercante, as pescas, a hotelaria, a construção, as telecomunicações e as indústrias, têxtil, química e metalúrgica, são algumas das áreas com adesão já confirmada. A greve da função pública deverá contar também com a participação do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE - filiado na UGT), que admitiu no entanto estar “disponível” para desmarcar a greve anunciada, caso o Governo vá “ao encontro” dos interesses dos trabalhadores. Concretamente em relação ao STE, a UGT considerou que estas situações têm a ver com reivindicações específicas e sectoriais e não com a greve geral.A última greve geral ocorreu a 10 de Dezembro de 2002, contra o Código do Trabalho, mas também não contou com a participação da UGT, embora alguns dos seus sindicatos tivessem aderido ao protesto. A última greve nacional da função pública ocorreu a 9 e 10 de Novembro e teve como objectivo protestar contra os aumentos salariais propostos pelo Governo, o aumento dos descontos para a ADSE, o prolongamento do congelamento das progressões nas carreiras, a lei da mobilidade e a revisão do sistema de vínculos, carreiras e remunerações. Esta paralisação envolveu as três estruturas sindicais da função pública (STE, Frente Comum e FESAP), que em Julho também tinham convergido noutra greve contra o novo regime de mobilidade.
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